Nada é para sempre no Panamá

domingo, outubro 28, 2012


Uma Mensagem na Garrafa à deriva onde há confluência interoceânica é instigante por si, antes mesmo de se compreender um dos maiores surtos de loucura empreendedora já protagonizados pela humanidade. Paralisante é a visita ao Complexo Miraflores, no Canal do Panamá, onde se vê o Atlântico e o Pacífico se batendo lado a lado.

Ali eles são fétidas áreas de oceano lambendo a mesma estreita faixa de terra que começou a se abrir, ainda no século 19, pelos franceses, dando passagem a uma ousadia, motivada pela conquista de poder e riqueza, banhada de sangue, intolerância e poesia. No Panamá, conheci o meio ambiente como paisagem em movimento e agora já posso aceitar, com mais resiliência, o fato de que nada é pra sempre.

É possível que a arquitetura, a engenharia e a tecnologia tenham impactado fortemente na construção da cultura panamenha, ávida por identidade própria, num contexto orgulhoso ufanista da ausência oficial dos Estados Unidos na definição de novas escavações e aterros. De alguma forma, existe no Panamá uma preocupação com a permanência que leva este povo a tirar tudo do lugar, se preciso.

Regida pelo acaso, uma Mensagem na Garrafa foi levada a este lugar tão especial, entre 25 e 27 de outubro, dialogando com um tempo e um espaço impactantes e impactados por importantes eventos de um país ligado no rádio e amplamente conectado à Internet. Entre eles, o projeto de extensão do Canal do Panamá, discussões parlamentares a favor e contra as obras de uma novíssima via, mar adentro, que deverá subtrai áreas verdes, movimentar comunidades históricas e fortalecer o espelhamento na plastificação de Miami.

Especialmente nos últimos três últimos dias, também acompanhamos tão de perto um tempo e espaço marcados pelas manifestações públicas contra a legislação que previa a venda de terrenos na Zona Franca de Colón, ao norte da capital panamenha. O noticiário de hoje (28) informa, no entanto, que pressionado no retorno de missão ao Vietnam, o presidente Ricardo Martinelli cedeu à tensão política e ao apelo popular e revogou a lei, com o Exército nas ruas há mais de 72 horas.

E foi sitiado no Casco Antigo (Centro Histórico Patrimônio da Humanidade - UNESCO), que o Coletivo Esfinge compartilhou uma mensagem desesperançada, mas madura. Veja aqui as fotos.

Mais sobre a ação de street art Mensagem na Garrafa: http://www.negalilu.blogspot.com.br/p/mensagem-na-garrafa_28.html 

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