Procura-se antídoto para a invisibilidade
domingo, agosto 31, 2014
O maior evento brasileiro de literatura
acaba daqui a pouco, no Parque Anhembi, em São Paulo. A mensagem que fica é: autores
e pequenas editoras precisam encontrar meios fora do eixo de circulação. Isso é
urgente porque estamos avançando na qualificação da produção e na conquista de leitores.
Estive na mega feira esta semana e meus livros
chegaram antes de mim por obra da livreira e guerreira Izaura Franco (R&F
Editora). Graças a esta iniciativa, autores goianos estiveram representados na
ocasião em que 80 mil pessoas eram esperadas, atraídas pela Literatura, pelas Artes Cênicas, pela Música. Incluo
aqui a criançada que a Escola levou, andando de colete colorido de EVA pra não
se perder, vociferando duvidosos gritos de guerra, obstruindo o fluxo, posando
pra fotos.
Para quem não sabe, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo é realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e apoiada por dezenas de outras instituições e empresas. É possível encontrar ali distribuidoras vendendo títulos a R$ 3, propostas para circulação nacional, negociações de compra e venda de direitos autorais, pactos para tradução em língua estrangeira, sonhos em construção.
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Foto: Divulgação |
Para quem não sabe, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo é realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e apoiada por dezenas de outras instituições e empresas. É possível encontrar ali distribuidoras vendendo títulos a R$ 3, propostas para circulação nacional, negociações de compra e venda de direitos autorais, pactos para tradução em língua estrangeira, sonhos em construção.
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Foto: Divulgação |
Notável também é a iniciativa do governo do
Rio Grande do Sul, que apoiou a presença de várias editoras gaúchas. Aquele
antigo projeto de ocupação de território continua valendo, fazendo a gente
sentir falta ali do resto do Brasil. Porque não se sabe se o Tocantins e Roraima,
por exemplo, estavam representandos em outro estande que não aquele que acolheu
Sem Palavras, por iniciativa da
Izaura.
A ausência da Cosac & Naif foi, pra mim,
uma grande frustração. Assim como a presença honesta da Editora 34 me enche de esperança. Interessante observar também a Companhia das Letras dividindo espaço com a Zahar. E vendendo muito, o que não é surpresa pra ninguém.
Caren Inoue, jornalista que atua no mercado editorial, em São Paulo, estava certa. Poucas editoras brasileiras estão
preparadas para a história de Nega & Lilu e para o custo deste produto final. No entanto, sabendo que a principal motivação é a venda, publishers poderiam se interessar
porque temos mais do que um livro.
Lamentável, no entanto, é que soluções ordinárias para o cumprimento de metas mercadológicas tomem conta do mesmo cenário que guia avanços na formação do leitor nesse território tão importante para as humanidades. Tudo isso estampado na capa dos livros que, insuportavelmente, nos últimos anos, têm replicado padrões norte-americanos, perdendo
oportunidade de conquistar o leitor por trilhas sensoriais. Caminho que
escolhemos para Sem Palavras e não
temos o que reclamar.
De qualquer forma, missão cumprida para a Nega Lilu Editora foi
estabelecer contato com editoras nacionais e compartilhar experiência com os
autores goianos de plantão, como o gladiador Cristiano Deveras − porque melhor ainda
é quando a gente se encontra em São Paulo. Além de amadurecer ideias sobre os
planos de encenação de Sem Palavras,
ouvindo dramaturgos como Cibele Forjaz e Felipe
Hirsch. E ainda: tentar sacar (a esta altura) qual é a do emblemático contista Sérgio
Sant’Anna, descobrir quase por acaso a literatura do jovem André Sant’Anna (sustentando a responsa de ser um “novo Nelso Rodrigues”), mostrar minha tattoo
pra pesquisadora da autoficção e escritora de ficção, Luciana Hidalgo, em nosso Encontro Marcado.
Foto: Larissa Mundim |
Tudo junto e misturado, como era o planejado.
Quer adivinhar o que estou lendo agora?
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