Razões para optar pelo desvio
terça-feira, abril 07, 2015
O poder público, em seu esforço de fomentar a Literatura no Brasil, historicamente, tem realizado maior investimento no meio da cadeia produtiva, ou seja, na produção do livro. Como resultado, temos as extremidades descobertas. Falta ação contundente de formação de leitores numa ponta e, na outra, não existe estratégia alternativa para a circulação da produção literária.
O mercado livreiro tem suas regras estabelecidas, rotas definidas, centralizadas, e pouco trafegáveis para escritores que atuam fora da região Sudeste ou que não estão representados por uma grande editora. Tanta riqueza desprezada é sintoma evidente de que este país sem leitores precisa experimentar meandros capazes de impactar o mercado editorial.
E a insatisfação é geral, não há um negócio ultra vantajoso onde quer que se converse. Na relação viciada com as distribuidoras e livrarias, as editoras têm se concentrado na busca de oportunidades de negócio a partir da compra e venda de direitos autorais, mantendo especial atenção ao passo a passo de ocupação do território pelo e-book. A cena é também pouco vantajosa para os autores, inclusive aqueles que têm circulação nacional. Em média, recebem menos de 10% do valor de capa pelo livro vendido.
É neste contexto, que as nano editoras como a Nega Lilu mantêm atuação paralela, mas evidentemente transformadora, independente de onde estão. Trabalhando desde 2013 nesse campo, e aprendendo sobre ele diariamente, compreendemos que decisão acertada é cuidar integralmente da qualidade. E quando não se tem recurso financeiro disponível para grandes saltos, vale mais a criatividade, as parcerias com profissionais e empresas, além de estratégia eficiente de comunicação e marketing.
A Nega Lilu Editora não tem vocação para convenções. Nossa opção primeira é pelo desvio. Motivação é colaborar para a difusão independente do livro e para o estímulo à leitura – direito de todos e instrumento de empoderamento da cidadania. Assim, nosso trabalho vem se fortalecendo a partir da construção de redes, uma experiência conceitual e técnica adquirida na parceria com a Casa da Cultura Digital, fundada em 2004, em Goiânia.
Entre outras ações mais relacionadas à produção e à política cultural, promovemos um programa permanente de qualificação de novos autores, oportunidade de aproximação do escritor com o leitor. Estímulos diversos trocados em bate-papos realizados no Evoé Café, em Goiânia.
Este mês, retomando a agenda literária aberta para todos os públicos, com o intuito de compartilhar impressões e experiências, vamos receber os escritores Cássia Fernandes, Larissa Mundim e Edival Lourenço. Confira abaixo a programação.
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