Bordas rompidas sem derrama
domingo, fevereiro 24, 2013
Entre os planos feitos por Brisa Marin e Laura
Passing, a viagem ao Pará é a mais lembrada, relembrada e supracitada ao longo
dos chats e emails trocados pelas meninas, em Sem Palavras. O assunto era o Chimbinha quando rolou o primeiro
beijo não roubado, um beijo magrinho e espontâneo, tão espontâneo que não
chegaram a saber quem foi que provocou ‒ atração simultânea, aquecimento
corporal, espaço percorrido em tempo não mensurado, pimba e ausência imediata
de pensamento.
A Banda Calypso na vida de Nega e Lilu é o típico
caso de brincadeira que virou coisa séria. O hit Cavalo Manco entrou pra trilha sonora romântica e, inflamando a cama,
alimentou a curiosidade com diversão e o desejo, aparentemente impossível, de
atender a um chamado com fortes traços antropológicos.
Para Laura, mais impulsiva, conhecer Belém se
tornou uma questão de honra. Um dia então, a Nega seguiu pro Norte, pra
cumprir um rito, pra se reaproximar de Lilu, que já se distanciava há
quilômetros sem fim. Nesta missão, fui com ela, rompendo as bordas da ficção e
emprestando meus sentidos, enquanto autora, para que aquela experiência de
deslocamento indicasse rumos para a finalização do livro Sem Palavras.
Sem o propósito de corromper os contornos
ficcionais da obra, me permiti à intervenção que, de forma natural, aproxima
deste trabalho da pesquisa de Sophie Calle e Yoko Ono, que têm sua produção artística contemporânea
instalada na fronteira borrada que separa o real do fantástico.
Ontem à noite, me transferi novamente pra dentro da
história das meninas, realizando um sonho antigo que emprestei pra elas e que a
viagem solitária de Laura ao Pará não chegou a consumar. De poros abertos e
coração tranquilo, a autora então vestiu um shortinho jeans e calçou sua bota
pra assistir, em Goiânia, ao show de Joelma e Chimbinha, pra sentir toda aquela
energia misteriosa, e confirmar que certo mesmo é não deixar o melhor pro fim.
No Atlanta Musica Hall em Goiânia |
Momento Cavalo Manco: trilha sonora de Nega & Lilu |
"Joelmaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa" |
Joelma olhando pra mim |
Já faz tempo em quis entender que energia é essa que vem tão forte do Pará |
E viva a flor de Jambu, o tacacá e a rabada do Mercado Ver-o-Peso |
Quase a 45 graus fora da cama das meninas |
Finalmente, Joelma e Chimbinha: achei romântico |
É Nega & Lilu: 4ever. Fotos: Larissa Mundim |
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