Surradas previsões para o futuro
quarta-feira, junho 12, 2013
Aparentemente sem falar da mesma coisa, um dia Lilu
disse que não queria que o conto Sem Palavras fosse de ficção. No entanto, já no contato inicial com a Flor de
Cajueiro, dando as cartas num jogo de sedução, a Nega havia manifestado o
desejo de que o conto tivesse base em fatos reais. Óbvias evidências de conspiração cósmica
ou de pura premeditação.
A proposta metodológica para a escrita conjunta do
conto Sem Palavras era positivista,
estimulando a experimentação das autoras (Laura Passing e Brisa Marin), mas num
determinado momento nem todo o conteúdo composto por elas, para contar a história
romântica de Lilu e Nega, havia sido baseado nos chats e e-mails trocados entre elas ou na vivência fora de ambiente
virtual.
Desenvolvido dentro do romance, nesse conto de
criação processual, muito existe ali de intuição, da matéria-prima do presságio,
da ansiedade apontando rumos, consolidando trajetos e se encerrando
precocemente – um precedente aberto para o fim da relação, inicialmente provocada
pelo exercício literário colaborativo.
Para alguns leitores e leitoras, Sem Palavras será
identificado por sua natureza precipitada, pois ele se consolida na antecipação,
criando seu próprio tempo/espaço sem plataforma sequer, sem substrato e topando
cultivar calêndulas em clima inapropriado.
O porquê não sei bem. Não há resposta correta. Seja
evidência de conspiração cósmica ou seja pura premeditação, é recorrente meu
pensamento dedicado à primeiríssima linha da primeira página do romance, quando
Laura, a fim de chegar, anuncia sua partida:
– Querida Brisa, fui...
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