Fantasia exposta
sexta-feira, fevereiro 17, 2012
Na sexta-feira
a Nega vestiu-se de Mulher Maravilha e foi trabalhar. Escolheu aquela fantasia e
não a do cotidiano. Camisa branca e calça preta, com sapato vermelho, não
serviriam para figurino do dia em que acordara se sentindo empoderada. E saiu
de casa, empreendendo fuga, um pouco menos disfarçada, um tanto mais exposta e
avisando que estava na área.
A fantasia como um ato de invenção e intervenção, movido pelo
desejo de poesia. Este é o
espírito da performance A fuga, que
começa a ser realizada hoje pelo Coletivo Esfinge, na Avenida Goiás da capital
goiana, em frente ao Grande Hotel, durante o já tradicional Chorinho.
A temática
surge na obra de Nega Lilu a partir de um vídeo experimental (A fuga), que
registra, num instante, a movimentação sôfrega de Nega e Lilu, fantasiadas de
plumas, atracadas e se dispersando, em seguida.
Transitando da vida real para a ficção (ou vice versa), no romance
literário de ficção Sem Palavras,
fica esclarecido que o vídeo ‒ exibido em dois festivais de cinema ‒ teria
sido realizado por Laura Passing e oferecido a Brisa Marin como presente antes da
viagem para o Rio de Janeiro, lugar escolhido para a fuga das meninas muito apaixonadas,
durante o carnaval.
De forma
simbólica, na véspera do carnaval, o Coletivo Esfinge inicia mais esta ação,
revisitando as origens desta poética, mas prometendo reflexão futura
sobre o tema num espaço/tempo em que a fantasia seja menos institucionalizada.
A fuga,
como performance, tem a coordenação da designer de moda Lara Vaz, com a
colaboração da fotógrafa Lu Barcelos e de Nega e Lilu na Dança: Flora Maria e
Valeska Gonçalves. Outras Negas e Lilus também fortalecem nosso plano de fuga.
A direção é de Larissa Mundim, autora do conto Sem Palavras, fonte criativa das ações do Coletivo Esfinge.
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