Jardineira fiel
sábado, fevereiro 04, 2012
Souveniers
do oriente do mundo, brincos que jamais seriam usados, literatura clássica,
novos talentos da música, filmes arrebatadores, obras de arte erótica, tomates
perfeitos, compreensão. Brisa ganhava muitos mimos de Laura Passing, presentinhos
extemporâneos, todos de aniversário, com embalagens esdrúxulas ‒ alguns
deles ela selecionava para colagem ou algum outro tipo de menção em sua agenda
de coisas boas.
Era fevereiro e a Nega ainda estava atenta, em
busca de coisinhas que fossem a cara de sua amada escorpiana. Aquilo haveria de
acabar um dia, pensava Lilu, no íntimo. A vida não é o País das Maravilhas, o
lugar onde a Nega vivia, enquanto sentisse prazer na companhia, tesão
intelectual e o coração batendo entre as pernas pela mesma pessoa.
Por sua vez, Brisa Marin oferecia a ela a poesia contida
tanto no perene quanto no efêmero. Uma
árvore de arquitetura peculiar, a lua cheia, a lua minguante, a lua nova, a lua
crescente, a folha de um cajueiro colossal, sementes ansiosas de calêndula. Tudo
cabia na caixa da Nega.
― Nunca tive expectativas de que você
plantasse flores pra mim. Confessou um dia, tentando afastar a Nega da dor,
desferindo um golpe preciso, catalisador da morte lenta.
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