O episódio da Nega vampira

segunda-feira, março 05, 2012


Camisa branca básica amarfanhada e suja de batom. Cento e vinte minutos de beijos e sussurros em idioma não identificado. As Negas exaustas permaneceriam ali, abraçadas e não cairiam por nada da cama estreita até o dia clarear em busca do acesso ao sentido não explícito da expressão. Mas não. Sim.

― Me deixa ver o sangramento. Obediente, uma Nega levantou-se rumo ao banheiro.

Retornou de lá quase nua, aguardou confirmação do pedido, de lingerie vermelha, ajoelhada na cama. Penitente também, a outra Nega checou, delicadamente, a calcinha umedecida. Respirou profundamente buscando o rastro do sangue. Olhos nos olhos: tira tudo.

Uma Nega acatou o pedido, até o meio das rijas coxas brancas, e deixou-se orientar pelo silêncio, por discreta ofegância e por seu corpo-coração. A outra Nega, invasiva, devota e carinhosa por natureza, avançou. Provou. 

Espero não estar morrendo. Pensou uma sem dizer à outra. Tenho muita vida aqui.

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