Para todo tipo de Amor
segunda-feira, julho 09, 2012Nos últimos seis meses, se encontravam religiosamente na quinta para dançar bolero e, aos sábados, fotografavam pássaros no parque, vestindo a domingueira.
Amantes há três anos, ele deitado no colo e ela com a flor no cabelo. Pareciam mãe e filho.
Após quatro dias, ela e o smartphone já eram íntimos pra toda a vida.
Vinte e seis anos juntas, elas tinham o mesmo corte de cabelo há quinze. E compartilhavam meias.
Nem Nega nem Lilu. Essas pessoas de carne e osso na ficção têm outra história possível de Amor. Expressam afetividade de formas diversas, de uma maneira que talvez seja similar ao seu jeito de sentir, agir, ser, estar e viver.
Ali não existem holofotes e o requinte não está a vista. Para os menos atentos, tais encontros podem aparentar ser relacionamentos pouco interessantes e menos excitantes do que realmente são, ou podem vir a ser a partir de estímulos.
Mas observe novamente agora, transformando os detalhes em manchetes. Disfarçadas pelo borrão da rotina, estas criaturas ficcionais recendem virossimelhanças que nos aproximam das humanidades. E, a partir de um segundo olhar, podemos nos permitir deslocamento para dentro de corpos que não são nossos, numa aventura de desvendar mistérios comuns.
Inspirado nesse conceito, o Projeto Ordinário busca então dar fôlego à produção literária do Coletivo Esfinge que, com autoria da jornalista Larissa Mundim, vem se ocupando, desde 6 de novembro de 2009, da história romântica de Nega & Lilu.
Em nova etapa de trabalhos, a proposta é trazer para esta convivência em rede possibilidades de compartilhamento da poesia ignorada contida no simples que, valorizada, pode se apresentar autêntica e sofisticada o suficiente para paralisar, provocar reflexão e transformação no leitor sensibilizado.
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