Sem Palavras: 13 jul 2012 - 1h45
sexta-feira, julho 13, 2012
Vermelho na folhinha
de Brisa
Marin <lilucajuina@gmail.com>
para Laura
Passing <negadeneve@gmail.com>
data 13
de julho de 2010 1:45
assunto Vermelho
na folhinha
enviado por gmail.com
Vermelho na folhinha
À revelia da semana que se arrastou na
labuta sem beijos, sem abraços, sem mordidas, sem tempo para a cumplicidade do
olhar e do toque quase casual das mãos, o domingo chegou desprovido de
prosperidade. Por mais que palmilhássemos a cidade, era como se nela não
coubéssemos. O mercado pareceu um bom lugar. E era. Descemos para um café da
manhã com competência de almoço. Duas empadas, um suco de uva, uma coca-cola,
dois pastéis (de queijo). Conversa fiada e uma parada na loja de colheres para
ver uma de pau. Uma não, duas. Na escolha do tamanho, da cor e do formato veio
no embrulho de palavras a história da tia, cozinheira de panela cheia (de
arroz). Seguimos na busca de lugar algum. Vira aqui, continua reto, pega a
direita, entra na rodovia, passa um quebra-molas, contorna, para, segue. Tudo
em vão. Mas desistir, nem pensar! Na lembrança das mangueiras e das cadeiras
amarelas, foi definido o bar para quebrar o regime. O pedido: uma Brahma. Soou
quase como uma penitência pela quebra do compromisso. Mas, valia estar tão
perto, fazer uma conversa boa, olhar cheia de carinho os olhos e tocar com
dedos de brisa a mão contornando o copo. No começo a música falando que “as
andorinhas voltaram” desequilibrou a conversa. O som já era outro, quando fluiu
a declaração de eternidade em nosso romance, tão revigorado sempre no conto e
em seus acessórios. Aquela conversa nos amaciou. A londrina Woolf veio fazer
parte das reflexões afogando seus olhos e me fazendo querer beijar você.
Difícil. Sempre difícil quando o beijo mora no desejo não realizado. Seguimos
viagem. Toda vontade de você em mim e, você ali, ao lado! Via seus lábios
mexendo em palavras, mas não ouvia nada. Colei minha boca na sua. Dedicada,
decidida, desesperada. Mais uma vez, alcancei sua boca quente. Chegamos em sua
casa. Posso descer? Impossível seria te ver sumir porta adentro sem caligrafar
outro beijo. Você pediu que eu entrasse. À revelia de uma visita indesejada,
arrombamos a dúvida com o desejo vertendo pelos poros. Mal a porta do quarto
tocou os portais, minha boca voltou para a sua. Senti seu corpo respirando no
meu à medida que te decalcava na parede, buscando obstinada o relevo da sua
xoxota. Sem ensaios, sem premeditação, como se o movimento fosse involuntário,
minhas pernas coreografaram as suas, abrindo espaço para os dedos navegarem
livres, insolentes, do clitóris ao contorno macio do seu cuzinho. Em sincronia,
boca, pernas, mãos e peitos. Você estava na cama, sentada, abertura completa.
Percorri com boca, língua e nariz seu cheiro e seu gosto, chupando seu gozo,
gozando também. Num movimento de arremate fiz leitura em braile de suas coxas,
bunda, quadris, cintura, peitos. Beijei sua boca em despedida. Você disse estar
em estado lastimável enquanto me acompanhava até a porta. Já no caminho de
casa, levando seu perfume nos dedos, liguei mais de uma vez. Buscava manter
todo o prazer suspenso no ar. Delícia você, Nega!
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