Repercussão da morte do Amor (3)

terça-feira, setembro 25, 2012


Verde, amarelo e bum! Vermelho
(por Tati Almeida)

Na Avenida Central. Final de tarde cinza. A menina com punhal na mão direita, não tira os olhos do semáforo. Verde. Um pé na calçada, outro já no asfalto. Pressa? Os carros tem pressa, ela não. Ela nunca tem pressa. “Puta-que-pariu-essa-porra-não-vai-fechar-nunca?” Amarelo. Os carros não param. Vermelho. Ela olha pra frente e bum! Se posiciona equilibrada de cabeça erguida no eixo [o que orienta o centro da ação]. Seus olhos encontram outros olhos e tudo em volta desaparece, a cidade fica em silêncio, chove papel picado dos edifícios. A menina que anda em velocidade lenta, vê o mundo em movimento lento. Ela não quer mais chegar a lugar nenhum, ela quer estar ali e agora: presa naquele milésimo de segundo por toda eternidade.

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