Expresso e amargo
terça-feira, abril 10, 2012
A fantasia como um ato de invenção e intervenção, movido pelo desejo de poesia. É uma boa síntese para a compreensão da performance "A fuga", realizada pelo Coletivo Esfinge, sob coordenação da designer Lara Vaz.
Inicialmente, tudo tem a ver com as fantasias de Nega e Lilu se transformando em animais, emulando objetos para existirem e co-existirem em planos alternativos (lugares de encontro para a expressão do carinho, da paixão, do amor). Como o romance das meninas é secreto e coberto pelo manto da infidelidade, a ideia tem, portanto, a ver ainda com disfarce para fugas. No caso de Laura e Brisa, todo contato extra oficial mantido consistia num escape (dos papeis atribuidos e assumidos e, muitas vezes, escape da realidade mesmo), ainda que fosse pra tomar um cafezinho.
Era esse o berço da ideia originária das performances. Mas a poética desta ação está fundamentalmente relacionada com a efemeridade e a instantaneidade, que são características das performances enquanto obras de arte contemporanea. Como o estado do amor na pós-modernidade, como o romance das meninas.
Era esse o berço da ideia originária das performances. Mas a poética desta ação está fundamentalmente relacionada com a efemeridade e a instantaneidade, que são características das performances enquanto obras de arte contemporanea. Como o estado do amor na pós-modernidade, como o romance das meninas.
Este foi o ponto de partida, a partir da obra literária, e Lara Vaz vem agregar conceito ao trabalho, nos fazendo pensar sobre questões como as sensações provocadas, no sujeito e no objeto, pela escolha de uma roupa, e os deslocamentos de tempo e espaço possíveis a partir do uso de fantasia em lugares e ocasiões não institucionalizados, como por exemplo, fora do período de carnaval.
Fazendo uma menção ao texto Fantasia exposta, publicado neste blog, trazemos uma alegoria que ilustra o trabalho de forma acessível:
Na sexta-feira a Nega vestiu-se de Mulher Maravilha e foi trabalhar. Escolheu aquela fantasia e não a do cotidiano. Camisa branca e calça preta, com sapato vermelho, não serviriam para figurino do dia em que acordara se sentindo empoderada. E saiu de casa, empreendendo fuga, um pouco menos disfarçada, um tanto mais exposta e avisando que estava na área.
As performances realizadas pelo Coletivo Esfinge são abertas e toda colaboração é bem-vinda. Para participar, basta vestir sua melhor fantasia e juntar-se a nós para uma fuga que, apesar de ser realizada em grupo, trata-se de uma manifestação muito íntima e individual.
A fuga de número um (etapa carnaval) foi realizada em fevereiro de 2012, em frente ao Grande Hotel, no Centro de Goiânia. (E naquela noite havia Brisa na avenida.) Para a segunda etapa, fomos recebidos no Café Coreto. Esse conjunto de sete breves eventos, vai sendo perenizado pela fotografia de Lu Barcelos.
0 comentários