Descontinuidade de trabalhos na Secult Goiânia preocupa artistas

terça-feira, janeiro 28, 2014

Prejuízos da descontinuidade do trabalho que vem sendo realizado pela Secult Goiânia com a reforma administrativa proposta pelo prefeito Paulo Garcia. Esta foi a pauta da reunião com o Secretário de Governo, Osmar Magalhães, que reuniu 13 representantes dos diversos segmentos artísticos, hoje pela manhã.

Na impossibilidade de acesso ao Prefeito, seis integrantes do grupo apresentaram a Magalhães a insatisfação da classe artística a partir da interrupção nas ações em curso, que tomam providências para a consolidação da poltícia pública cultural em Goiânia. Com a saída da secretária Glacy Antunes, é esperado que Paulo Garcia anuncie amanhã, às 10 horas, no Paço Municipal, o petista Ivanor Florência para o cargo.

Os artistas presentes na reunião testemunharam que, durante 10 meses, Glacy Antunes se dedicou, principalmente, à gestão administrativa e financeira de uma secretaria sucateada e desprestigiada, herança de Kleber Adorno. “Esse estágio de organização não pode voltar para a estaca zero, o momento de organização da casa já passou e, por isso, vamos cobrar avanços com rapidez do novo gestor. Queremos resultados”, ressaltou o produtor cultural Marcelo Carneiro.

Fotos: Larissa Mundim


Representando a Universidade Federal de Goiás, entidade que indicou Glacy Antunes para o cargo, a diretora da EMAC, Ana Guiomar Rego Souza, considerou pouco estratégica a interrupção dos trabalhos. A diretora do Museu de Artes de Goiânia, Doris Day de Castro Pereira, também demonstrou insegurança com a troca de cadeiras, tendo em vista os diversos procedimentos em curso para o museu, que vem se reestruturando, após muitos anos de descaso e falta de investimentos pelo poder público.

Diretor do Grupo Arte e Fato da PUC-GO, Danilo Alencar, lembrou que este é um momento extraordinário de mobilização da classe artística. “É inegável o poder de articulação da Cultura e a Prefeitura precisa estar atenta a isso”, disse ele, referindo-se ao engajamento demonstrado por ocasião do corte de 50% dos recursos do Fundo Estadual de Cultura e da negociação com o Governador Marconi Perillo que resultou na reposição dos recursos subtraídos, na semana que passou.

O escritor Ubirajara Galli elogiou a gestão de Glacy Antunes à frente da Secult Goiânia e declarou que, em 25 anos de militância pela Cultural, ainda não havia se deparado com postura tão democrática e disposição para ouvir a classe artística. O Secretário de Governo esclareceu que a saída de Glacy não tem relação com “incompetência ou ausência de perfil para a ocupação do cargo”. Ele disse ainda que, na avaliação do prefeito Paulo Garcia, a performance da secretária foi surpreendente e satisfatória considerando o trabalho de “saneamento” feito na Secult, em 2013.

Magalhães disse ainda que o prefeito tem consciência, assim como qualquer gestor público, de que as mudanças provocam traumas. No entanto, explica que a reforma administrativa que vai impactar inclusive a Cultura é parte do “processo político de composição” promovido neste início de ano pela Prefeitura de Goiânia. Sobre Ivanor Florencio, ele revelou que a escolha não foi apenas política, porque o petista indicado para a Secult também atua como técnico. Ivanor foi diretor da Secult, durante a gestão de Pedro Wilson, que tinha Sandro di Lima como secretário de cultura.

Com relação à possibilidade de prejuízos do trabalho realizado, Magalhães afirmou que “o espírito não é começar de novo e sim dar continuidade, ouvindo os diversos segmentos artísticos”. Ao final da reunião, o grupo pontuou alguns tópicos que merecem atenção especial do novo gestor da cultura no município para a consolidação da política pública cultural. São eles:

1) atualização da Lei Muncipal de Incentivo à Cultura

2) posse dos conselheiros que integram o Conselho Municipal de Cultura, conforme eleição realizada na Conferência Municipal de Cultura, quando a sociedade civil elegeu representantes para as Artes Visuais, Artes Cênicas, Audiovisual, Música, Literatura, Terceiro Setor e Humanidades;

3) celeridade na elaboração no Plano Municipal de Cultura, pelo Conselho Municipal a ser empossado;

4) inclusão de Goiânia no Sistema Nacional de Cultura, importante instrumento de democratização da gestão, que fortalece o controle social e o planejamento a médio e longo prazo, possibilitanto investimento sistemático de recursos financeiros a partir de orientação do Plano Municipal de Cultura;

5) ajuste no calendário dos editais diversos, considerando ano fiscal;

6) abertura para a discussão com os artistas e produtores culturais acerca dos projetos e eventos que são, anualmente, promovidos pela Secult. Ex: FestCine, Canto de Ouro, Goiânia em Cena etc;

7) pagamento de últimos cachets em atraso, por serviços prestados à Secult na gestão de Kleber Adorno.





Estiveram presentes à reunião no Paço Municipal, em 28 de janeiro de 2014:



- Ana Guiomar Rego Souza, diretora da Escola de Música e Artes Cênicas da UFG
- Danilo Alencar, diretor do Grupo Arte e Fatos da PUC-GO

- Doris Day de Castro Pereira, diretora do MAG

- Gyovana Carneiro, musicista e conselheira municipal de cultura eleita

- Jarbas Cavendish, regente coordenador da Banda Pequi

- Kleber Damaso, bailarino e coreógrafo

- Larissa Mundim, jornalista e escritora
- Maneco Maracá, diretor do Circo Lahetô e conselheiro municipal de cultura eleito
- Marcelo Carneiro, produtor cultural
- Marcelo Souza, Diretor de Políticas Culturais da Secult Goiânia

- Ubirajara Galli, escritor
- Selvo Afonso, artista plástico
- Othaniel Alcântara Jr., musicista e integrante da Comissão de Projetos Culturais da Lei Municipal de Incentivo à Cultura


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