Um dia abriria a porta pra você em posição estratégica para fechá-la sem perder contato com seus olhos. O que haveria pra mim e pra você naquele momento seriam hipóteses apenas, e desta vez eu não as teria formulado por pura incapacidade de acessar o passado, naturalmente concentrada avante ‒ com Lilu e sem Lilu. Um delicioso exercício de ausência dos lugares onde me conheço de cor, pisando em areia movediça. A fuga de mim, o encontro com o outro, a entrega à armadilha que é sumidouro de minha alma.
Reconheço o encaixe dos corpos, modificados. Seu cheiro é tão familiar quanto o meu, pra mim. Meus lábios buscam seu pescoço sem pressa, acariciando o percurso que encontro até os seus. Suspiros quase simultâneos me alertam para o fato de que somos duas.
― Saudade.
Praticamente dois anos deslocadas do instante inaugural de nossa intimidade, aquele beijo tinha gosto de ficção, porque aconteceu como estava escrito. Mas era tão real quanto o tempo passado, marcando a pele com tinta e o coração com fogo.
Minha língua toca seu lábio superior porque não há outro destino que não o da vertigem do mergulho da gaivota. Excitação sexual instantânea seguida de sutil afastamento dos corpos. As coisas não haviam mudado entre nós, agora era apenas diferente.
A impetuosidade estava ali, guardada para o momento seguinte, se ele existisse, porque o Amor amadurecera os impulsos, construindo fantasias mais ousadas.
― Saudade.
União das imagens e som ambiente do vídeo 1 com trilha sonora que 'coreografou' a edição do vídeo 2, resultando na proposta final para o making of do duo de Dança 'Nega Lilu', na proposta de Edinardo Lucas.
O processo de concepção do duo de dança Nega Lilu será abordado no workshop gratuito realizado nos dias 7 e 16 de novembro, a partir das 19 horas, no Espaço Quasar, em Goiânia/GO. As inscrições para as 20 vagas disponíveis estão sendo feitas pela Casa da Cultura Digital, pelo fone 9119 9120 ou por email negalilu@gmail.com . A iniciativa de formação e troca de experiências integra ações previstas no projeto de estreia do espetáculo Nega Lilu, marcado para 11 e 12 de novembro, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Lei Municipal de Goiânia.
No dia 7, os participantes terão acesso aos bastidores da concepção do espetáculo que tem como coreógrafa a bailarina Valeska Gonçalves (Quasar Cia de Dança). O duo de estilo contemporâneo faz parte do Projeto Esfinge, um coletivo de obras e ações que, nas diversas linguagens artísticas, comentam, transformam e difundem o conto Sem Palavras, escrito pela jornalista Larissa Mundim. A autora da obra literária de ficção também estará presente nesta etapa do workshop, conduzindo a exposição do trabalho e instigando o debate do público com profissionais envolvidos na montagem.
Segundo a coreógrafa, Valeska Gonçalves, o workshop foi pensado em dois momentos para, inicialmente, aproximar o espectador desta obra que é aberta, podendo provocar comentários, transformações e a difusão dos conteúdos relacionados ao espetáculo. O público do workshop será convidado a assistir ao duo, após a revelação da trama que envolve não somente a Dança como as artes visuais, fotografia, literatura, audiovisual.
A concepção da oficina aposta que, após a estreia, no dia 16 de novembro, de 19h às 22h, o grupo que teve embasamento teórico estará mais apto e estimulado a manter contato com a movimentação do duo. Nesta ocasião, para o trabalho corporal, Valeska Gonçalves e Flora Maria ‒ bailarina da Quasar Jovem, que integra o elenco de Nega Lilu ‒ contam com a participação de João Paulo Gross, bailarino experiente em ministrar oficinas no Brasil e no exterior.
Os interessados na movimentação proposta por Valeska Gonçalves vão conhecer como foi feita a apropriação da narrativa de repertório sensorial, presente no conto Sem Palavras. O resultado é uma movimentação sensorial, fluida, urgente, detalhista que, para ser consumida precisa se diluir, se fragilizar, como ocorre nos relacionamentos pós-modernos, descritos como “líquidos” pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman.
Serviço:
Workshop de dança
07 nov (segunda) – 19h às 21h e 16 nov (quarta) – 19h às 22h
Espaço Quasar, Goiânia/GO
Inscrições gratuitas: negalilu@gmail.com │ 9119 9120
Mais info: negalilu.blogspot.com
Conheça a trilha sonora que coreografou a edição do making of do duo de dança 'Nega Lilu' (versão 1). Experimente ouvir este assistindo aquele... E acesse a beleza da simplicidade contida no mistério revelado. Concepção e montagem: Edinardo Lucas.
Tudo parado. Muito movimento por aqui...
A movimentação da Nega era rápida, constante e às vezes desastrada. Porque sofria de angústia, pressentindo a escassez de tempo para se dedicar a tudo e todos. A urgência na vida provocava sim alguma ansiedade, uma pontinha muito disfarçada de medo ‒ que a levava a procrastinar, mas não a impedia de fazer o que deveria ser feito, ainda que com algum atraso. A solidão, também conheceu, e a reconhecia sempre que dava bola pra ela. Era assim, mas não somente assim. Nada tão simples.
No final de semana, na ausência de Lilu e de Nina, a Nega conheceu alguém interessante. Quatro meses batiam à porta de Laura Passing.
Charmoso desalinho de West Hampstead Park, em Londres, no registro do primeiro encontro da autora do filme A fuga com o Dente-de-leão, no verão de 1998.
Nova aparição em 2004, era primavera em Berna, e havia plumas por toda parte que os olhos miravam.
Como num moto-contínuo do acaso a cada seis anos, a flor leonina surgiria novamente em 2010 para o bailado que daria origem ao curta A fuga, provavelmente impulsionada pelo sopro da autora. Não convém duvidar...
Próximo encontro já estaria marcado.
O filme A fuga , dirigido por Nega Lilu, foi selecionado para o 7º FesCine Goiânia, que será realizado de 4 a 11 de novembro, no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro. A programação ainda não foi divulgada, mas existe alguma chance da estreia de Nega e Lilu no cinema ocorrer antes da publicação dos primeiros conteúdos do romance literário de ficção Sem Palavras, marcado para 6 de novembro, às 3h33, neste blog.
A captação de imagens foi realizada no ateliê do artista plástico goiano Luiz Mauro. As janelas abertas deram passagem a plumas desgarradas da flor de dente de leão, planta medicinal também conhecida como esperança, no norte e nordeste do Brasil.
Observei aquele corre-corre ensandecido praticamente flutuante sobre o solo lunar de um vermelho encarnado. Juntinhas, como Nega e Lilu em fuga para curtirem o carnaval! Com a câmera fotográfica na mão não vacilei. Isso é poesia para cinema, me ocorreu instantaneamente.
Rolavam de lá pra cá e daqui pra lá, emaranhadas numa dança que foi registrada em plano sequência de quase um minuto ― o tempo que durou aquele encontro. É, de fato, não sustentável tal leveza.
Brisa Marin e Laura Passing escreveram o conto ‘Sem Palavras’, contido no romance literário de ficção produzido a partir de correspondência entre elas, por email e chat, de 6 de novembro de 2009 a 6 de novembro de 2010.
Para instigar o leitor a conhecer essa história de Nega & Lilu, que são Laura e Brisa na intimidade, criei o blog Nega Lilu (http://negalilu.blogspot.com), em janeiro deste ano, o mesmo ambiente que escolhi para fazer a publicação gradativa do conteúdo do livro, entre 6 de novembro de 2011 e 6 de novembro de 2012, realizando um deslocamento de dois anos da história em tempo e espaço.
Desse jogo ou brincadeira foram surgindo as várias ações do Projeto Esfinge, como o duo de dança, que estreia em novembro. Todas essas iniciativas, conduzidas por colaboradores diversos, comentam, transformam e difundem o conto ‘Sem Palavras’, que é centro provocador dessas ações colaborativas desenvolvidas nas diversas linguagens artísticas.
Todas as ações do Projeto Esfinge, que reverberam a história romântica de Nega & Lilu propõe um comentário contemporâneo sobre a plenitude do Amor e a essência da vida. Se Nega e Lilu são garotas, é o acaso.
No dia em que assumi, publicamente, a autoria do conto Sem Palavras no evento criado por Flora Maria no Facebook para divulgar a estreia do duo de Dança Nega Lilu, um manifesto simbólico na web trouxe visibilidade e reflexão para questões relacionadas à dimensão da diversidade humana.
Para mim, o happening realizado na maior rede social da atualidade, soou como uma segunda menção ao psicólogo estadunidense Gordon Allport, que conheci hoje no evento de lançamento da Rede Candombah ‒ Rede Goiana de Pesquisa em Diversidade, Direitos Humanos e Cidadania.
Amigos de Nega Lilu no Facebook e amigos de amigos foram estimulados por mim e manifestaram apoio ao direito de ser e existir, publicando em seus murais o texto 'Eu sou Nega Lilu'. A declaração reforça um pensamento que passa pela minha cabeça como um moto-contínuo: Nega e Lilu somos nós.
E eu que tava pedindo um carinho no início da tarde, no meio da noite me senti honrada, acolhida e aquecida pelo gesto, que ganhou sentido ampliado a partir das palavras de Allport que chegaram apenas agora até mim, mas que foram registradas em 1954: “Somos todos iguais, porém, diferentes e únicos”.
Boto fé.
(participe você também do happening, publicando no seu mural do Facebook o seguinte texto: Eu sou Nega Lilu. E será!)
Making of do processo de criação do duo de Dança Nega Lilu, com as bailarinas Flora Maria e Valeska Gonçalves, que assina a concepção coreográfica. Estreia: 11 e 12 de novembro de 2011, no Espaço Quasar, em Goiânia/GO.
Montagem: Edinardo Lucas.
A Nega almoçava com aquele amigo que garante que cinco trepadas ao dia não é muito comum, mas existe. O assunto rolava do campo profissional para o pessoal com a abertura que é própria dos momentos de revelação e aconselhamento. Porque o amigo da Nega é um daqueles observadores do curso das coisas que, quando compartilha conhecimentos, não deixa dúvidas de que já amou, já sofreu, e está vivo.
― Você está bem, Laura? perguntou ele, diante da pausa da Nega.
Sem dizer palavra, permaneceu como estava por um tempo mais: mão direita espalmada no lado esquerdo do peito. Respiração ligeiramente alterada, olhou de um lado e do outro, praticando o tempo do gesto em 16 milímetros.
Sem dizer palavra, permaneceu como estava por um tempo mais: mão direita espalmada no lado esquerdo do peito. Respiração ligeiramente alterada, olhou de um lado e do outro, praticando o tempo do gesto em 16 milímetros.
― Meu coração avisa que Lilu está aqui. Comentou finalmente a Nega, retomando o fôlego, mas não a concentração na conversa.
A confirmação chegou no início da tarde, no torpedo em que flor de cajueiro se manifestava vagamente: “Vou...”, abrindo um grande sol em meus pensamentos.
É que no dia anterior ao encontro com o amigo folclorista, num ato falho, Nega havia ligado para Lilu. Foi um misto de desespero e alívio pela ruptura do silêncio, no instante que um botão foi pressionado, uma chamada telefônica involuntária estava sendo realizada e a lava escorria pelas paredes externas do Pichincha. Trilha sonora era: “…Planet Earth is blue and there’s nothing I can do…”. Chamada natimorta finalizada. Rola um sms constrangido: “Oooops... engano.” E mais que rapidamente um sms foda-se: “Você vem me visitar?”
Que interessante é a experiência de anulação consciente de si mesmo em favor do outro. Eu me ofereci para a Nega. Minha história cedeu lugar à dela no Facebook. Entreguei-lhe meus amigos, todas as conexões de minha rede, porque apoio a visibilidade do Projeto Esfinge às vésperas de novembro, quando será iniciada a publicação do livro Sem Palavras e quando ocorrerá a estreia do duo de dança Nega Lilu.
No processo em que me tornei Laura Passing, criando um segundo fake, percorri todos os posts guardados no meu perfil de gente de carne e osso (como Nega e Lilu na ficção), me deparando com a descoberta da ferramenta e a observação do comportamento das pessoas, refletidas na maneira com que fui ocupando território.
Das mensagens mais recentes para as mais anteriores, me vi apagando a parte da minha vida que, deliberadamente, resolvi compartilhar com gente conhecida, mas principalmente com quem nunca vi, hábito de quem tem uma rede aberta, com quase duas mil pessoas apinhadas.
Me desprendi de todos os cumprimentos de aniversário que cuidaram para que eu me sentisse tão especial no último ano, fotos de família, registro de meus surtos apaixonados, manifestações deprimidas e criativas, a redescoberta da poesia, homenagens instantâneas motivadas pelo domingo. “U R the best”, disse um desconhecido cerca vez. E eu curti. De verdade.
O rapeleiro se balançava, trabalhando no compasso da paciência. Rolo de cabo médio firmemente seguro para uma demão toda vez que ia. Quando voltava, molhava o pincel na lata de tinta bege, presa à perna esquerda. Pintava como vivia, regido por metrômetro. Contemplei o movimento parada no sinal vermelho, sentindo as coisas fazer sentido, porque temos algo em comum: somos criaturas silenciosas, pendentes e solitárias. O vaivém nos orientou assim.
O sorriso de Lilu se encontrou com o sorriso da Nega no local onde a ficção uniu Gabriela e Angelina em um primeiro beijo quente, volumoso e cheio de fome, sob a quaresmeira florida.
― Vim te ver. Estou quase boa. Não posso. Disse ela entre o momento do pouso e a batida de asas em retirada.
Desta vez era um voo de beija-flor, afugentado diante do perene.
Sem tempo para a poesia, sem espaço pra mim, mas a obra continua em curso, com conteúdo mais sintético e instantâneo, dialogando com o tempo real no Facebook.
É só adicionar, curtir, comentar e compartilhar. Bombando: www.facebook.com/nega.lilu .
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