Prejuízos da descontinuidade do trabalho que vem sendo realizado pela
Secult Goiânia com a reforma administrativa proposta pelo prefeito Paulo Garcia.
Esta foi a pauta da reunião com o Secretário de Governo, Osmar Magalhães, que
reuniu 13 representantes dos diversos segmentos artísticos, hoje pela manhã.
Na impossibilidade de acesso ao Prefeito, seis integrantes do grupo
apresentaram a Magalhães a insatisfação da classe artística a partir da interrupção nas ações em curso, que tomam providências para a consolidação
da poltícia pública cultural em Goiânia. Com a saída da secretária Glacy
Antunes, é esperado que Paulo Garcia anuncie amanhã, às 10 horas, no Paço
Municipal, o petista Ivanor Florência para o cargo.
Os artistas presentes na reunião testemunharam que, durante
10 meses, Glacy Antunes se dedicou, principalmente, à gestão administrativa e
financeira de uma secretaria sucateada e desprestigiada, herança de Kleber Adorno.
“Esse estágio de organização não pode voltar para a estaca zero, o momento de
organização da casa já passou e, por isso, vamos cobrar avanços com rapidez do
novo gestor. Queremos resultados”, ressaltou o produtor cultural Marcelo
Carneiro.
Fotos: Larissa Mundim |
Representando a Universidade Federal de Goiás, entidade que indicou
Glacy Antunes para o cargo, a diretora da EMAC, Ana Guiomar Rego Souza, considerou
pouco estratégica a interrupção dos trabalhos. A diretora do Museu de Artes de
Goiânia, Doris Day de Castro Pereira, também demonstrou insegurança com a troca de cadeiras,
tendo em vista os diversos procedimentos em curso para o museu, que vem se
reestruturando, após muitos anos de descaso e falta de investimentos pelo poder
público.
Diretor do Grupo Arte e Fato da PUC-GO, Danilo Alencar, lembrou que
este é um momento extraordinário de mobilização da classe artística. “É
inegável o poder de articulação da Cultura e a Prefeitura precisa estar atenta
a isso”, disse ele, referindo-se ao engajamento demonstrado por ocasião do
corte de 50% dos recursos do Fundo Estadual de Cultura e da negociação com o
Governador Marconi Perillo que resultou na reposição dos recursos subtraídos,
na semana que passou.
O escritor Ubirajara Galli elogiou a gestão de Glacy Antunes à frente
da Secult Goiânia e declarou que, em 25 anos de militância pela Cultural, ainda
não havia se deparado com postura tão democrática e disposição para ouvir a
classe artística. O Secretário de Governo esclareceu que a saída de Glacy não
tem relação com “incompetência ou ausência de perfil para a ocupação do cargo”.
Ele disse ainda que, na avaliação do prefeito Paulo Garcia, a performance da
secretária foi surpreendente e satisfatória considerando o trabalho de “saneamento”
feito na Secult, em 2013.
Magalhães disse ainda que o prefeito tem consciência, assim como
qualquer gestor público, de que as mudanças provocam traumas. No entanto, explica
que a reforma administrativa que vai impactar inclusive a Cultura é parte do “processo
político de composição” promovido neste início de ano pela Prefeitura de
Goiânia. Sobre Ivanor Florencio, ele revelou que a escolha não foi apenas
política, porque o petista indicado para a Secult também atua como técnico.
Ivanor foi diretor da Secult, durante a gestão de Pedro Wilson, que tinha Sandro
di Lima como secretário de cultura.
Com relação à possibilidade de prejuízos do trabalho realizado, Magalhães afirmou
que “o espírito não é começar de novo e sim dar continuidade, ouvindo os
diversos segmentos artísticos”. Ao final da reunião, o grupo pontuou alguns tópicos que merecem atenção especial do novo gestor da cultura no
município para a consolidação da política pública cultural. São eles:
1) atualização da Lei Muncipal de Incentivo à Cultura
2) posse dos conselheiros que integram o Conselho Municipal de Cultura,
conforme eleição realizada na Conferência Municipal de Cultura, quando a
sociedade civil elegeu representantes para as Artes Visuais, Artes Cênicas,
Audiovisual, Música, Literatura, Terceiro Setor e Humanidades;
3) celeridade na elaboração no Plano Municipal de Cultura, pelo
Conselho Municipal a ser empossado;
4) inclusão de Goiânia no Sistema Nacional de Cultura, importante
instrumento de democratização da gestão, que fortalece o controle social e o planejamento
a médio e longo prazo, possibilitanto investimento sistemático de recursos
financeiros a partir de orientação do Plano Municipal de Cultura;
5) ajuste no calendário dos editais diversos, considerando ano fiscal;
6) abertura para a discussão com os artistas e produtores culturais
acerca dos projetos e eventos que são, anualmente, promovidos pela Secult. Ex:
FestCine, Canto de Ouro, Goiânia em Cena etc;
7) pagamento de últimos cachets em atraso, por serviços prestados à
Secult na gestão de Kleber Adorno.
Estiveram presentes à reunião no Paço Municipal, em 28 de janeiro de 2014:
- Ana Guiomar Rego Souza, diretora da Escola de Música e Artes Cênicas da UFG
- Danilo Alencar, diretor do Grupo Arte e Fatos da PUC-GO
- Danilo Alencar, diretor do Grupo Arte e Fatos da PUC-GO
- Doris Day de Castro Pereira, diretora do MAG
- Gyovana Carneiro, musicista e conselheira municipal de cultura eleita
- Jarbas Cavendish, regente coordenador da Banda Pequi
- Kleber Damaso, bailarino e coreógrafo
- Larissa Mundim, jornalista e escritora
- Maneco Maracá, diretor do Circo Lahetô e conselheiro municipal de cultura eleito
- Marcelo Carneiro, produtor cultural
- Marcelo Souza, Diretor de Políticas Culturais da Secult Goiânia
- Ubirajara Galli, escritor
- Selvo Afonso, artista plástico
- Othaniel Alcântara Jr., musicista e integrante da Comissão de Projetos Culturais da Lei Municipal de Incentivo à Cultura
- Selvo Afonso, artista plástico
- Othaniel Alcântara Jr., musicista e integrante da Comissão de Projetos Culturais da Lei Municipal de Incentivo à Cultura