Artista goiana denuncia violência protagonizada pelo Estado brasileiro em exposição coletiva na Paraíba

segunda-feira, junho 26, 2017





Amarildo Dias de Souza, 47 anos, Claudia da Silva Ferreira, 38 anos, e Eduardo de Jesus, 10 anos, assassinados pela polícia militar do Rio de Janeiro no Morro da Congonha, Rocinha e Morro do Alemão. Roberto de Souza, 16 anos, Carlos Eduardo da Silva Souza, 16, Cleiton Corrêa de Souza, 18, Wesley Castro, 20, e Wilton Esteves Domingos Junior, 20, assassinados por 111 tiros deflagrados pela PM-RJ contra o carro que estavam em Costa Barros, subúrbio do RJ. Luana Barbosa dos Reis, 34 anos, mulher, negra e homossexual, espancada pela PM de Ribeirão Preto (SP). Laura Vermont, jovem transexual assassinada pela polícia militar na Zona Leste de São Paulo. Araceli Cabrera Crespo, 8 anos, raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada, no Espírito Santo (SP), em 1973. A indígena Guarani-kaiowá Marinalva Manoel, 27 anos, estuprada e assassinada com 35 facadas no Mato Grosso do Sul em 2014.

Anônimos, invisibilizados, violentados e injustiçados são protagonistas de Notas de Falecimento, obra da artista goiana Sophia Pinheiro, que integra a exposição coletiva “Etnopoéticas da Imagem”, até 14 de julho, na Fundação Cultural de João Pessoa, em João Pessoa/PB. A mostra propõe um diálogo entre artistas visuais, antropólogos e fotógrafos paraibanos e de outros estados do país, com curadoria de Fabiano Regenhaux.

“Etnopoéticas da Imagem” bebe da fonte da etnografia, uma ferramenta metodológica da antropologia que concebe as culturas para além do texto escrito,abrangendo sensibilidades. Segundo Fabiano Regenhaux, etnopoesia é um termo cunhado pelo poeta beatnik Jerome Rothenberg para promover tradução e interface das manifestações verbais de culturas não ocidentais, com as formas de tradução provenientes de padrões da literatura ocidental.

O conjunto em exibição na Fundação Cultural de João Pessoa é resultado do 1° Laboratório de Curadoria, desenvolvido pela Galeria Casarão para a formação de jovens curadores e estímulo da produção crítica. Sophia Pinheiro é a única goiana selecionada, entre os 12 artistas expositores, para apresentar seu trabalho etnopoético. Ela expõe na companhia de Barbara Wagner e Benjamin de Burca (PE/Alemanha), Sarapó Pankararu e Renato Athias (PE), Potira Maia (PB), Roncalli Dantas (PB), Tony Neto (PB), Emiliano Dantas (PE), Renato Athias (PE), Philipi Bandeira (CE), Kel Baster (MG), Ricardo Peixoto (PB) e Saullo Dannylck (PB).

Em Notas de Falecimento (2016), Sophia Pinheiro, apresenta 12 notas de “cem reais” estampadas com o busto de pessoas marcadas pela violência dos abusos de poder. “Todos os dias o Estado brasileiro produz Notas de Falecimento. Quanto vale essas vidas? As notas são circuladas pelo sangue dessas vidas marcadas pelas ausências”, comenta.



A artista propõe uma reflexão sobre a violência, protagonizada pelo aparelho estatal brasileiro e subsidiada por interesses econômicos, expondo rostos de brasileiras e brasileiros assassinados, ressaltando os marcadores sociais da diferença (gênero, classe, étnico-racial) que estão exprimidos nestes homicídios. 

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