Como um filme francês

terça-feira, agosto 20, 2013

A leitora crítica contratada para degustar Sem Palavras, a escritora Lucia Facco, foi criteriosa e cuidadosa em sua análise, não destruiu sonhos, mas não tapou o sol com a peneira. Profissional e madura, fez um ótimo trabalho nos alertando para três pontos que ela não considerou positivos na obra. Só apontou as fragilidades depois de reparar nos pontos fortes, o que nos estimulou a suportar muito bem qualquer comentário que viesse em seguida, certamente colocado com elegância e delicadeza.

Além de sugerir enxugamento no grande volume de texto original, Lucia Facco também aconselhou que observássemos a linearidade da história contada. Para ela, Sem Palavras deverá conquistar menos o público que prefere ficção com barracos e finais óbvios.

Sabemos que uma das maiores virtudes deste romance literário é sua arquitetura, sua estética pouco provável, pouco experimentada até o momento pelo mercado literário. No entanto, boto fé que o enredo e a narrativa dessa história têm charme em sua monotonia encantada, sacana, dolorosa. Como canções do R.E.M.

Mas Nega & Lilu tiveram seus barracos sim, o leitor vai encontrar três ou quatro. E eles têm um certo senso de humor que será reconhecido pelos mais familiarizados com o tempero britânico. Outros, menos sensíveis, encontrarão ali a ironia e o sarcasmo: subterfúgios toscos diante de tamanha sofisticação. Hahahahahaha, desculpe, não resisti.

O fim? Ah! o fim. Procurei tanto por ele. Muito mesmo: viajei, me tranquei no quarto escuro − dentro e fora de mim. Procurei atenta e desatenta para que ele me achasse então. Entre agosto e novembro de 2010, espreitando muito de perto, aberta para o que viesse, sem me abater demais ao ponto de me abandonar. Quando veio até mim, o fim era começo da noite, não o deixei quarar sequer. Não surgiu pra encerrar, era um recorte do meio.



  

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