Agora é para sempre
domingo, agosto 18, 2013
O leitor terá acesso a uma versão
de Sem Palavras com 320 páginas, mas
originalmente, o romance se encerrava com 411, quando foi aprovado pela Lei
Goyazes e antes da consultoria da escritora e leitora crítica Lucia Facco, que
nos alertou para a necessidade de abreviarmos caminhos para se contar tão breve
história. Já faz um tempo que, dificilmente, a literatura de ficção que sai das
livrarias tem mais de 200 páginas.
Mas a história de Nega & Lilu
não chega a ser um calhamaço. É que a estrutura do romance tem base na
arquitetura e na estética da correspondência no ciberspaço, ou seja, chats e e-mails
trocados pelas personagens principais. Muitas vezes, o leitor vai encontrar uma
palavra por linha, avolumando o impresso, dando a ele corpo, peso, responsabilidade,
porque permanece na cabeceira por um tempo mais, sem pretensões de ser um
clássico. Mas consciente e desejoso de que pode ser lembrado, como obra de
nosso tempo.
Recentemente, colocando o papo em
dia com Valentina Prado, comentei que sentia que Sem Palavras ocupava um não-lugar. De maneira não calculada, ele
foi parar numa gaveta vazia, sem conseguir dialogar com nenhuma outra obra, por
enquanto. Não é literatura, alguns vão dizer. Como quem se precipita dizendo
que o trabalho do Coletivo Esfinge não é Arte. Talvez porque tenha como fonte
criativa um conteúdo não formatável que não se enquadra, porque é de sua natureza se
movimentar e transbordar.
Fato é que nada de muito “novo”
na Arte Contemporânea me parece novíssimo o bastante quando se aproxima do jeito
que fazemos. Preste atenção que não estou me gabando de inovar, somos apenas
inegavelmente atuais. E nem todos conseguem ser, ainda que estejam vivendo e
produzindo agora, para sempre.
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