Movimento de translação iniciado - Parte 3

quinta-feira, outubro 22, 2015

Era domingo, 16 de janeiro, saí perdida e entristecida pelo Centro de Goiânia, olhando para tudo. Neste dia, encontrei as primeiras imagens trazidas para o blog Nega Lilu.

 
Intervenção de Luccas Encio (2011), na janela lateral do Grande Hotel, em Goiânia, foi a primeira imagem veiculada no blog Nega Lilu. Foto: Larissa Mundim

Pixação de autoria não identificada, na fachada do Grande Hotel, na Avenida Goiás.
Foto: Larissa Mundim

 A confusão sobre a autoria do conteúdo permanecia. Como o blog continuava não divulgado e, portanto, acessado somente pelos amigos, divaguei como se a Nega fosse eu e Lilu, Lilu. Aos poucos, à medida que as ideias se assentavam na minha cabeça, fui me tornando a narradora ausente e a Nega ocupou o lugar de terceira pessoa.

Esse trânsito fica evidente em Desafio à inevitabilidade, publicado em 23 de janeiro de 2011.

Ainda sem conhecer o conceito de autoficção, difundido no Brasil por Luciana Hidalgo, no post Saudade, realizado em 4 de fevereiro de 2011, escrevo:

Cada dia sou mais a Nega.
E você é mais Lilu.
Somos obra de ficção.

Deriva daqui a origem do texto: Sou de ficção, que virou camiseta, numa parceria com o Coletivo ConVerso, que tinha Thais Almeida na composição.
O ator Sandro Freitas, o publicitário e poeta Marcelo Araújo e o então estudante de jornalismo, Yago Salles, tiveram uma dessas. Também já vi o poeta Walacy Neto vestindo meu texto no Evoé Café com Livros.

Encorajado pela ausência de crítica e autocrítica, o blog Nega Lilu foi ganhando corpo.
Textos curtos, tímidos, íntimos, palavras um tanto emboladas buscando caminhos da simplicidade – primórdios do laboratório literário que, em projeção futura seria chamado de Projeto Ordinário, me levou à exploração da poética cotidiana.

Até reconheço como avançadas algumas ideias-força surgidas nessa época de divagações e que foram, inclusive, aproveitadas na construção das histórias de Agora eu te amo, meu segundo romance de ficção, também publicado pela Nega Lilu Editora.

A Nega vai à luta é um dos primeiros textos mais soltos, apontando rumos para que o diálogo com o leitor fosse se estabelecendo, em seguida.

Insegura de possuir virtudes, naquele momento egoísta me ajudaria saber o que os sete leitores oficiais estavam compreendendo, mas não perguntei.

A primeira pista chegou em 7 de fevereiro de 2011. Foi um breve e contundente comentário sobre o post Saudade, publicado pelo leitor do blog que se identificou como paulo: “Pra mim Nega e Lilu são reais!!!”. A glacial sensação de estar sendo lida. Depois descobri que era o publicitário e designer gráfico Paulo Batista, provocado por mim a se manifestar – o que é um detalhe, porque não encomendei o conteúdo da mensagem. 




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