Sem Palavras: 14 jan 2010 - 5h19
sábado, janeiro 14, 2012
A Calça
de Brisa
<eusoubrisa@gmail.com>
para Laura
Passing <laura.passing@gmail.com>
data 14
de janeiro de 2010 05:19
assunto A
Calça
enviado por gmail.com
Minha Neguinha,
Segue, sem o acabamento merecido, A
Calça.
Saudade de você.
A Calça
A calça estava onde se esperava nudez.
Panturrilha, dobra do joelho, os próprios joelhos, coxas, virilhas. Havia também
a bunda e aquela flor contornadas pelo tecido surrado de corte solto. Ainda
assim, a carne quente e trêmula se movimentava em pura percussão. Bateria de
500 instrumentos. Neguinha é cheia de desejo, mas ao mesmo tempo tão suave e
doce que, mesmo sopitando de indignação, jamais odiaria Coco Chanel por ter
inventado a calça feminina. Desejaria sim, naquele momento, puxar um fio que
tudo descosturasse, expondo aos seus olhos e mãos minha pele quente e suada. No
tempo que se passava, a calça encharcava sem dar ar às pernas. Dividida entre o
prazer do que estava nu e o desprazer do que se vestia, ela gemeu, gritou,
ferveu, sussurrou. Volta e meia pedia quase em desespero: “tira a calça...”.
Não sei como suportei! Coisa louca de se explicar! Tudo que eu queria era me
apresentar, prender sua coxa entre as minhas, escorregar suas mãos de uma
margem à outra do meu sexo. Abrir em borboleta para sentir seus dedos de neve
me transformarem em flor de cajueiro. A despeito do que a calça impedia,
beijei, bebi, respirei você. Silkei suas costas na parede do quarto.
Aconcheguei o tato como quem revisita o molde. Delícia!!! Os joelhos bambearam,
flutuei, derramei. Tudo tão lírico e ao mesmo tempo tão erótico... Prazer
transbordando por toda parte do corpo e da alma. Minha quase nudez tornou tudo
quase perfeito. A calça?! Permaneceu inarredável garantindo a integridade
daquele encontro e a intensidade do próximo.
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