Repercussão da morte do Amor (2)

terça-feira, setembro 25, 2012


Panis Et Circenses 
(por Thais Almeida)

Acordou.
Era um dia lindo.
Assim que passou o torpor do abrir dos olhos
lhe veio aquela vontade já tão familiar de se rasgar de saudades.
Lera que a saudade era como fome e só se matava quando se comia a presença do outro.
Mas e se o outro não vem? Se ele nunca mais vem?
Levantou e ligou o som enquanto se dirigia ao banheiro para escovar os dentes.
♪ ♫ "As pessoas na sa

la de jantar são ocupadas em nascer e morrer.
Mandei fazer de puro aço luminoso um punhal para matar o meu amor e matei às cinco horas na avenida central.." ♪ ♫
Talvez fosse isso.
Talvez tivesse mesmo que matar quem a estava matando.
Mas não, não se morre de amor... não nos dias de hoje...
Procurou por um punhal. Ou vários. E achou. Havia os espalhado pela casa, pela vida, do quarto à cozinha.
Não podia nem esperar até às cinco horas. Talvez não tivesse coragem se esperasse mais.
Se dirigiu à avenida central: a cama que abrigara tantos encontros e desencontros por meses a fio.
Violentamente doce, desferiu o golpe fatal:
rasgou de olhos fechados, cartas, fotos e todo aquele amor que insistia em lhe consumir.
Deitou exausta. E leve. Agora sim, podia seguir em frente.
Agora sim, podia tomar seu café na sala de jantar e quem sabe cantar uma canção iluminada de sol.


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