Sem Palavras: 15 jun 2010 - 1h37
sexta-feira, junho 15, 2012
23:48 eu:
oi
Brisa:
oi, Nega
saudadezona
eu:
Fresnex...
23:49 Brisa:
Krasihr mabitrir
eu:
rsrs
23:50 é
aramaico, amor?
Brisa:
eh sim
eu:
que lindo...
23:51 aqui
está tão quentinho... só falta você
23:52 Brisa:
quentinho mesmo
e
eu aqui na beiradinha da cama
quase
caindo
23:54 Nega
eu:
oi
Brisa:
sumiu tudo
eu:
aqui está escuro mesmo...
Brisa:
rs
23:55 olha
soh
tudo
entre nós tem acontecido tão rápido
23:57 quero
cuidar para que o encantamento permaneça
23:58 vc
sabe que o conto me trouxe pra dentro, eu te disse
sabe
que sua literatura me envolve
00:00 tô
sentindo como se faltasse um pouco de ar toda vez que penso que vc viaja na
semana que vem
mas
por outro lado
00:01 pode
ser uma oportunidade de restabelecer a correspondência escrita
não
que isso determine as coisas
mas
tem muito sentido pra mim
eu:
eu adoro escrever pra vc
00:03 adoro
receber seus e-mails também
se
vc resolver me escrever só pra contar que fez a sua cabeleireira lavar e secar
o seu cabelo três vezes, vou me divertir... rsrs
00:04 Brisa:
rs
eu:
vc diz que quer cuidar para que o encantamento permaneça... vc já sente algo se
perdendo?
Brisa:
ainda não
ainda
tah tudo muito forte e vivo
tanto
que sinto sua falta antes mesmo da viagem
00:05 mas
eh que o vigor de nossa história escrita parece dar perenidade pra coisas que
sentimos
00:06 lembra
quando vc estava disposta a começar a construir o fim e
eu
fiquei um tempo calada, te ouvindo, te ouvindo
eu:
sim
00:07 Brisa:
soh depois, porque parecia que vc achava que eu não estava te compreendendo, eh
que eu resolvi falar
antes
disso eu disse que ia te escrever sobre o que eu estava sentindo
00:08 pra
não correr o risco de se perder no tempo tudo o que eu tinha pra te dizer
pq
vc eh muito especial
00:09 pq
todo nosso encontro eh muito especial
e
eu não queria que o tempo maltratasse nossa história por falta de registro
(alguma coisa mais ou menos assim)
eu:
me lembro que vc me disse que não queria que o conto fosse ficção...
00:10 não
sei se nesse dia ou depois, mas isso ficou na minha cabeça sem que a gente
falasse mais sobre o assunto
Brisa:
ei
00:11 vc
encerrou o som?
eu:
não
me
chama pro vídeo de novo... não sei como vc faz isso
eu
não tenho esta opção
00:12 ainda
rola aquela mensagem de sistema incompatível para Brisa
Brisa:
vc aparece e depois congela
por
que serah?
rs
00:13 tah
bem quentinho e escuro ae neh?
00:14 caiu
novamente
eu:
oi
Brisa:
oi, minha Nega
queria
te dizer estas coisas todas aih
00:15 eu:
mas que bom que a gente está adiantando o assunto
esta
sou eu querendo não perder tempo?? rs
00:17 Brisa:
rs
eu:
porque qdo estou com vc quero fazer tudo devagarinho
Brisa:
arrisca perder?
eu:
perder tempo com vc?
Brisa:
sim
eu:
sempre, mb
Brisa:
eh um risco?
eu:
sim, sempre
00:18 Brisa:
como?
eu:
brincadeira... é sempre bom estar com vc. tanto que quero fazer tudo
devagarzinho pra durar mais
Brisa:
adoro sua voz
eu:
cantando pra vc ou falando: beleeeza?
00:19 Brisa:
de todo jeito
sussurrando
cantando
gemendo
falando
curtindo
sorrindo
gargalhando
arrastando
a palavra
simulando
as palavras
00:20 soh
pra eu não perder a atenção em sua boca
adoro
rs
adoro
esta música, vc sabe
eu:
eh pra vc
00:21 no
original...
Brisa:
eh
eu
a conheci assim
e
me apaixonei
mesmo
sem saber o significado
parecia
que tinha tudo a ver
00:22 parecia
que tava tudo entendido
e
ae
mesmo
trocando as letras e agredindo as palavras na língua que deviam ser cantadas
00:23 eu
arriscava encher os pulmões
e
cantar com toda a energia
como
se tivesse nascendo ali
no
espaço entre o estômago e o esôfago
00:24 assim
eu:
tem um filme lindo com o River Phoenix que se tornou um clássico que se chama Stand
by me e que tem essa canção como tema. vc já viu?
Brisa:
não
eu:
continua por favor...
Brisa:
rs
serah
que compensa?
eu:
sim, sempre
00:25 Brisa:
historinha boba
eu:
ah não...
preciso
parar de te interromper
então...
00:26 Brisa:
não me interrompeu, mb
eu:
é pura vontade de compartilhar...
00:27 gosto
de saber de suas histórias até o fim
Brisa:
rs
00:28 essa
era assim
vc
se lembra do walkman?
eu:
sim
Brisa:
então
00:29 eu
tinha uma fita (rs) com algumas músicas que eram muito especiais
nada
relacionado a ninguém
coisa
minha mesmo
soh
minha
00:30 que
não compartilhava porque, em geral, os colegas achavam fora do padrão
eu:
hahahha
Brisa:
(lembra do Benito de Paula, neh?)
então
lembra?
00:31 (ela
jurou desfilar pra mim, mas chegou o carnaval, e ela não desfilou...)
então
eu:
sim, Benito
Brisa:
eu tinha esse walkman
e
tinha tbem uma bicicleta
eu:
rs
Brisa:
que eu subia e saia andando por aí
00:32 ouvindo
minhas músicas e cantando bem alto
com
o fone no ouvido
daqueles
de DJ (rsrs)
coisa
de outro planeta
rsrsrs
devia
parecer pra quem via passando
eu:
que idade vc tinha, Lilu?
00:33 Brisa:
14 ou 15, não sei bem
eu:
é uma imagem bem bonita
00:35 queria
que tivesse num filme meu
mas
nunca vou fazer mesmo, então vou guardar aqui no cinema da minha cabeça
Brisa:
rs
(...)
00:52 eu:
foi lindo qdo vc cantou essa música pra mim, aqui em casa
Brisa:
obrigada, Nega
rs
eu:
momento marcante
Brisa:
rs
eu:
coisa linda mesmo
Brisa:
rs
00:53 eu:
qdo me lembro, meu coração bate mais rápido
Brisa:
rs
00:54 seu
carinho eh coisa linda de receber, minha Nega
nunca
vou me esquecer
eu:
minha sorte é que vc não tem nada contra a Felícia...
Brisa:
rsrsrsrs
00:55 nada
disso, mb
me
sinto tão cuidada por vc
00:56 a
Felícia sufoca
vc
me faz levitar
eu:
então é isso que depõe contra a Felícia... não havia percebido
00:57 sempre
achei que ela é que era a sufocada de amores
rsrs
Brisa:
?
serah
que estamos falando da mesma Felícia?
eu:
sim... eu é que entendi diferente a personagem
a
reação do gambá apaixonado pela gata é a mesma, né?
00:58 Brisa:
rs
eh
sim
eu:
outra música pra vc, com amor
Brisa:
linda
00:59 eu:
eu era adolescente
01:00 botava
o meu fone de DJ, me sentava na frente do aparelho de som e ouvia essa música
cantando até chorar sem ver
Brisa:
rs
era
raro eu chorar
mas
vc estava apaixonada?
eu:
exercitando Renato Russo com saudades do que eu ainda não tinha visto, sabe?
01:01 Brisa:
rs
coisa
que vem antes do sentido delas, neh?
eu:
sim
01:02 tipo
esse textinho que vou procurar aqui pra te mostrar
Brisa:
adorei vc me dar esta música
01:03 vc
me deu, neh?
rs
Nando
Reis eh maravilhoso
eu:
vc me pareceu meio desconsolada, não tive certeza de que tivesse gostado... ou
pensei por um minuto que outra pessoa já tivesse te dado essa música
até
te perguntei se vc conhecia, se ela era uma música antiga e coisa e tal
01:04 vc
me disse que era novíssima
01:06 eu:
agora segue o textinho sobre coisas que chegam antes de fazer sentido
Brisa:
mandae
eu:
A menina interrompeu a leitura da mãe logo que chegou da escola. Queria saber o
que significava “sapatão”, porque era desse nome que as coleguinhas chamavam
Angélica, pelos cantos da sala de aula. Pelos risos jocosos, a menina só
entendia que o apelido não era elogio. A mãe vacilou e respondeu que,
provavelmente, Angélica deveria ser do tipo de garota que fazia xixi em pé.
01:08 Brisa:
de onde eh?
eu:
é texto meu
Brisa:
rs
depois
manda o texto todo pra mim
01:09 eu:
ele é assim mesmo, curtinho
Brisa:
quando escreveu?
eu:
faz parte do livro Pequenas histórias alegres
que
nunca publiquei...
Brisa:
quero muito conhecer
01:10 posso?
um
dia soh nosso
eu:
claro... vai ser rapidinho. Só concluí umas 4 ou 5 historinhas
como
esta aqui...
Elas
haviam se encontrado umas duas vezes. A primeira aparição de Jana foi na boate
da moda, quando ela dançava sensualmente sacudindo a cabeleira para cá e para
lá. Era maravilhosa e amiga das luzes coloridas, que variavam em seu ritmo e
apenas ao seu comando. Depois disso, talvez por prestarem atenção, passaram a
se ver com mais frequência e sem amabilidades. Até que se encontraram na
universidade, e Jana nem tinha motivos para estar lá. De casual, o encontro
passou a co-incidente, com surpresa declarada pelas duas.
Só.
Num
domingo, Jana apareceu para a outra:
—
Olá! Vim te conhecer.
01:11 Brisa:
rs
01:12 eu:
e essa aqui é uma de minhas favoritas:
Retiram-no
do estádio. Toda a guarda presente se ocupara dele, que foi detido pela viatura
de apoio. Gerônimo enlouqueceu certamente, comentava a população da cidade
reunida para o aniversário de 247 anos do município. “O mundo é gay”, berrava e
ninguém conseguiu fazê-lo parar.
Brisa:
rsrsrs
eu:
imagina uma situação dessas?
rsrs
01:13 Brisa:
rsrsrs
quando
foram escritas?
eu:
1996
Brisa:
rs
eu:
e tem um encontro com Adriana Calcanhotto também
quer
ler agora?
Brisa:
claro
eu:
rsrs
01:14 dessa
eu tenho um pouco de vergonha... hehehe
mas
vamos lá:
acho
que foi qdo desisti de publicar
porque
tava ruim demais!
mas
vamos lá:
Título:
Por que vi Simão no deserto
—
Adriana Calcanhotto, meu nome é Berenice Paiva.
E
foram muito longos os segundos seguintes, suficientes para que meu engasgo se
tornasse contemplativo.
Maravilhosa
como sempre imaginei, ela balança a cabeça em aprovação muda. Vim pra te
conhecer – completei, já arrependida por não ter ensaiado algo mais propício.
—
E então, Berenice?
Pense,
pense em alguma coisa. Por favor, rápido. Pense, pense em qualquer coisa!
—
Veio para o Festival ? – vomito em tom casual.
Adriana
Calcanhotto diz que sim (exclusivamente), enquanto disfarço e aqueço a mão para
a despedida. Contraditória, conto a ela que também estou aqui só por causa do
festival. Agora sou discreta e uso poucas palavras – todas na ordem direta. E a
esta altura já decidi que não vou mais dizer que vim para descobrir “por que
eles fazem cinema”. Calei.
Ela
pergunta:
—
Você veio de onde?
—
Respondi sem hesitar. Você...você conhece?
Ridículo.
Claro que sim! E eu:
—
Então, é preciso voltar a trabalho. Ela sorri um pouco, fico séria: Seria muito
bom.
01:15 Cena
17: (As luzes se apagaram por ali e as pessoas que esperavam pela próxima
exibição, naquele sábado à tarde, circulam procurando suas poltronas
vermelhas).
—
Vai começar a sessão, você vem?
Adriana
Calcanhotto diz que sim, depois. Entre saudosa e aliviada, meio boba e até
vingada, caminho dois passos, volto e me despeço, para não dizer dispo, com um
beijo lateral.
01:16 Brisa:
rs
eh
...
01:17 rs
eu:
mas relendo agora
aaaaaaaaaaaaaaahhahahhahahah
Brisa:
?
01:18 eu:
já achei isso pior
tem
aí uma sementinha do discurso direto/indireto do Sem Palavras... né?
Brisa:
?/\?///?\\\?
01:19 eu:
que isso, mb?
Brisa:
pensamento
eu:
rsrs
Brisa:
rsrsrsrs
Nega
01:20 vamos
dormir quentinhas?
eu:
vam
(...)
0 comentários