Corpo Papel recebe apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Goiânia
sexta-feira, junho 01, 2012
Por meio da body
art,
ou arte do corpo/arte corporal, o artista utiliza a si próprio como suporte
para expressar suas idéias. O corpo é encarado em sua materialidade (sangue,
suor, química e física do corpo), como um vasto campo de possibilidades
criativas: tatuagens, maquiagens, escarificações, travestimento etc. Vale toda
e qualquer iniciativa capaz de modificar o corpo.
Em alguns casos, a body art pode
assumir o papel de ritual ou apresentação pública, aproximando-se de outras
formas de manifestações conceituais artísticas, como o happening e a performance.
Outras vezes, sua comunicação com o público se dá através de documentação. E é
assim, por meio de documentação fotográfica e audiovisual, que o projeto Corpo Papel do Coletivo Esfinge se
configura.
No entendimento do Coletivo
Esfinge, esta ação de body art
amplia, no território simbólico, as possibilidades de comentário, transformação
e difusão do conto Sem Palavras à
medida que propõe o habitat do
coração e da alma como suporte para a obra que já não se dirige unicamente
aos olhos do observador, mas a todos os seus sentidos.
Nesse contexto, o projeto Corpo Papel promove dois tipos de
registro da obra: a tatuagem, que grava o texto na pele, e a fotografia, capaz
de capturar os sentidos da pessoa tatuada, que se torna veículo de difusão. E o
registro deste “novo estado” será feito em portraits
(retratos) da fotógrafa Lu Barcelos que, na
segunda etapa do projeto, estarão expostos em galeria de arte. A segunda etapa do projeto conta com o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Goiânia.
Até o momento, 13 pessoas já
integram o grupo de colaboradores tatuados convidados a participar da exposição
fotográfica aqui proposta. Todos eles já realizaram tatuagens dos textos do
conto Sem Palavras, em happenings realizados no Jander Tattoo Estúdio, com os seguintes artistas tatuadores: Jander Rodrigues, Yanomani Ami, Wilson Junior, Ramon Santamaria, Paula Dame des Chats, Virgínia Regozino, Lays Alencar e Rejane Olig. Veja fotos.
Outros sete colaboradores passam a integrar o grupo de tatuados, no dia 24 de junho deste ano, durante a 1a Convenção Goiânia Tattoo, no Oliveira's Place.
A opção pelo cultivo do mistério, algo
próprio das ações do Coletivo Esfinge, busca instigar e estimular o público a
investigar, de forma não precisa e até mesmo aberta à ficção, o perfil daqueles
que se propuseram a circular a obra literária, tatuando fragmentos de textos
como: “Molhei lençóis contigo”, “E agora eu estava aberta”, “Seduzida pela
palavra”, “A discrição como um dom”, entre outros.
Os fragmentos de texto remetem à breve
história romântica de Nega e Lilu, uma obra de ficção que tem como fio condutor
a concepção processual de um conto que é escrito a quatro mãos com
fundamentação positivista – a experiência como método. Começa assim o
envolvimento de Laura Passing e Brisa Marin, numa relação fluida, mas que deixa
marcas na epiderme, em busca de plenitude, que se desloca e transborda, marcada
pela urgência e pela fragilidade dos encontros na chamada pós-modernidade.
Assim como outras ações do Coletivo Esfinge,
o projeto Corpo Papel vai
possibilitar novas rupturas de barreiras entre a ficção e a realidade, com base
poética, tendo em vista que o ato de fotografar o corpo tatuado (transformado
em veículo de informação), consiste em um exercício de metalinguística, porque
busca contar uma história dentro da história, porque busca registrar uma imagem
contida de uma imagem (tatuagem dos textos), concedendo a esta imagem um outro status, num processo que modifica sua
matriz semiológica e enriquece sua semântica.
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