Vestígios

segunda-feira, junho 06, 2011

Quando a Nega acordou de seu sono supra interrompido era quase 6 da manhã. O domingo de exageros anunciava um início de semana penoso, com trabalho atrasado e ausência de motivos para matar um leão.

Ao colocar os pés no chão, ainda sentada deteve-se num alongamento de pescoço. Que estranho. Não era assim que o dia começava. Bocejou uma, duas, três vezes sem sair do lugar. Coçou a cabeça longamente, gesto instintivo que virou um afago, enquanto tentava entender o sentido da pausa.

Sozinha e em silêncio, a Nega respirou profundamente e sentiu-se vazia como um saco plástico inflado. Resíduos de memória do dia anterior habitaram seus pensamentos. Tantas eram as palavras sopradas em seu ouvido que não poderia esperar mais um minuto para começar a escrever e escrever e escrever e escrever. A fuga de Lilu na calada da noite daria uma boa história.

Partiu quando quis, sorrateira, deixando a porta aberta. Emergiu resplandecente do corpo da Nega, espalhando pelo quarto um perfume adocicado, evocativo de sentimentos que, apesar de marcantes, estariam fadados ao esquecimento não fosse a nova tatoo.





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