Projeto Ordinário: Torcer pela Nega é torcer por mim mesma

domingo, agosto 26, 2012


Acordei pensando na Nega...
de          Giovanna Malta <fakegiovannamalta@gmail.com>
para       Nega Lilu <negalilu@gmail.com>
data       16 de agosto de 2012 14:55
assunto             Acordei pensando na Nega...                             
enviado por       gmail.com


Larissa,

Pensei muito na nossa conversa de ontem, o que é maravilhoso, pois a ficção tem influenciado a minha realidade e torcer pelas meninas ‒ em especial pela Nega ‒ é torcer por mim mesma.

Você disse que no fim, a Nega vai ser dar bem, eu acho que a única forma da Nega se dar bem de verdade, vai ser se mesmo com todo o amor e todo o sofrimento, ela consiga ir em frente. Mas não com a Lilu. Acho que a Nega tem que chorar e sofrer muito, muito mesmo e tem que chegar bem no fundo do poço e achar que não vai viver sem respirar o mesmo ar que a Lilu e então, um belo dia, seguir em frente com um sorriso no rosto e no futuro, ser capaz de novo de amar e se entregar, como se fosse a primeira vez.

 Caso elas fiquem juntas, a Nega vai se sentir feliz, mas vai ser temporário, porque acho que ela exalta demais a Lilu, a idolatra a ponto de lhe tirar a humanidade e a divinizar, então um dia vai acabar de novo e vai começar todo o sofrimento como um círculo vicioso. A outra hipótese de felicidade seria o para sempre, mas não sei se ele existe, só vou saber no meu suspiro final e sou inimiga do tempo para esperar. A Nega também.

Gostaria que você entrasse na minha página do Facebook quando tiver um tempo e assistisse a um vídeo que uma grande amiga postou para mim. É a cena de um filme do Fellini*, se não me engano, em preto e branco. É a Nega, sou eu, é a minha amiga e talvez você e mais um milhão de Negas e Lilus...

Continuo achando que a arte imita a vida, e não o contrário.

Escrevo tudo isso por e-mail pois estou no trabalho e não posso acessar o Facebook. Senti uma necessidade imensa de dizer o que penso sobre a Nega e o futuro. Acho que ela mora tanto em mim, que é real.

Giovanna Malta



*cena final do filme La Notti di Cabiria (As noites de Cabiria), de Frederico Fellini.







Não é ficcional o conteúdo deste e-mail, mas o nome da remetente foi protegido sob pseudônimo. O Projeto Ordinário dá visibilidade às repercussões de "Sem Palavras" a partir da correspondência entre leitores e a autora a partir de acordo entre as partes.

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