Peladas na ponte

terça-feira, junho 21, 2011

Cora Coralina pegou a Nega em Goiás Velho e sumiu. Deixou rastro de inspiração e paz, porque sabe plantar roseiras e fazer doces.

Sedutora, a poetiza também conquistou afagos de Rita Lee que, apesar das menções cheias de tesão durante um show tão lindo, não tocou o coração da menina-feia-da-casa-da-ponte do Rio Vermelho. Ela queria a Nega e apresentou-se na madrugada, pronta para se despir, na penumbra do quarto turquesa.

Surgiu anunciada pelo galo às 4 em ponto e sentou-se na cama rangendo molas. Respirou o ambiente e presenciou o despertar incrédulo e imediatamente afetuoso da Nega, que na adolescência fantasiou tantas vezes trepadas homéricas também com Clarice Lispector, Orlando Silva e Tarsila do Amaral. Era Cora, finalmente!

Aninha desfez o coque vagarosamente, valorizando o gesto e encorajando a Nega a entrar na história que encontrou diante de si, acordando do sonho em que cuidava de Lilu febril.

Mirou aquele olhar sereno. Sintonizou Nina, caiu dentro e teve a certeza de que ia rolar.

― Sempre rola, balbuciou Cora.

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