Refluxo de pensamento - Parte 1

quinta-feira, setembro 05, 2013

A professora do curso de Psicologia da PUC-GO, Eliza Landi, me disse que conheceu o blog Nega Lilu por recomendação dos alunos, que andavam citando a obra em sala de aula. A gente se encontrou na escola onde nossos filhos estudam e, ao longo da conversa, nos confessamos surpresas.

No caso dela, por ter descoberto que conhecia Nega Lilu pessoalmente e os alunos não − além de já termos morado no mesmo condomínio, o pai dela, Professor Agostinho, foi meu professor de Literatura na Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Goiás. De minha parte, a surpresa foi constatar de forma concreta como a obra encontrou formas de se alastrar, de se expressar, de ser compreendida em ambiente insuspeito, porque eu não diria improvável num mundo em que posso me comunicar com Beyoncé via Twitter.

Sempre lamentei não ser possível ter acesso aos leitores e leitoras que visitam o blog Nega Lilu, se eles não desejarem ser identificados. O sigilo de identidade é, numa situação como esta, um direito de todos nós, no entanto, compartilhar a obra é a melhor parte e, no começo, ficava a sensação de que eu estava me furtando da satisfação de saber que pessoas legais como Elisa Landi mantiveram ou mantêm contato com as ideias ali publicadas, fruto de trabalho dedicado.

Entre as coisas bacanas ditas por ela em frente à Secretaria da escola, duas frases ficaram engastalhadas, provocando refluxo de pensamento. “Esta é uma ousadia em nosso tempo”, comentou, me deixando curiosa pra entender melhor se estava se referindo à forma ou ao conteúdo. A fixação nesse texto pode ter me atrapalhado no entendimento do restante da conversa... rs, mas me lembro que mencionou algo sobre o fato de termos estabelecido relações na borda do real e do ficcional – assunto que me agrada porque me aproxima, humildemente (eu disse humildemente!), de artistas contemporâneos como Sophie Calle,  Yoko Ono, entre tantos outros.

A professora já estava indo embora e já tinha me dado as costas quando retornou e disse algo mais que não esqueci e, meses depois,  me estimulou a escrever este texto. Ligada à psicanálise, Eliza ressaltou apenas que, dentro daquilo que tinha compreendido sobre a obra, não concordava com uma coisa: a busca da plenitude. “Não acredito nisso”, disse ela. Como o comentário rende pano pra manga, continuo no próximo post.


You Might Also Like

3 comentários

Subscribe