Cinco é um número razoável

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

O quiz musical dos anos 80 ocupou um terço do tempo em que estivemos juntos. Era quase meia noite pra mim e pro cara que se gaba de conhecer (e ter) cada uma das canções já gravadas pelos Beatles. Sujeito vai se casar no mês que vem e, no bar, conversa vai e conversa vem não houve dúvidas de que eu tinha ali um amigo tão distante quanto incrivelmente próximo.

Como se fosse um daqueles bota-foras que antecedem a entrada na igreja, cativante e transparente, desta vez ele me contou mais alguns detalhes temperados sobre o seu romance acabado. Uma paixão alucinada, enterrada sem que ninguém tenha falecido. Quatro a cinco trepadas ao dia? Em qualquer lugar? Ah, isso não morre nunca, pensei.

Pra gente como eu, cuja caixa d’água não tem bóia, um romance assim é um chamado sem volta para me embrenhar feliz no sertão de Guimarães. Quem sabe uma história para meu segundo livro, desta vez inspirado em fatos reais... Cinco trepadas ao dia não é muito comum, mas existe, garantiu o amigo.

O que importa é que tem gente que sabe o que é isso e como é isso: disposição exclusiva, escravidão de pensamento, perfume do mel rescendendo no ar, desidratação, cama quebrada, entre outros detalhes que possam credenciar tal história no território das humanidades.

Mas ocorre também do amor não surgir na vida das pessoas com intensidade, ressonância, correspondência, muito menos com plenitude. Ocorre do amor não ocorrer.

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