Todas as flores me lembram você
domingo, março 06, 2011O domingo seria um dia de espera. Brisa chegaria finalmente ao Rio na madrugada de segunda. Depois de uma noite povoada de pensamentos maus e bons, para Laura não havia mais pressa nenhuma. Nada que realmente quisesse fazer. A despeito do interessante vaivém dos blocos de carnaval, a cidade ainda não fazia sentido.
Por volta das 9 horas resolveu sair da janela, vestiu seu short army rosa shocking e seguiu rumo ao Aterro do Flamengo. No caminho, fez aquilo que mais sabia fazer: divagar colecionando imagens e histórias para compartilhar com Lilu. Teve ideias geniais, fez anotações, fotografou as flores porque nelas a paixão se manifestava naquela manhã quente, mas levemente ensolarada.
Imaginou-se envelhecendo tranquila naquele lugar, cumprindo uma rotina de caminhadas na praia, sentindo o vento pentear seus cabelos brancos. Sentada embaixo de um cajueiro, teve os pensamentos interrompidos por uma mãe à procura do filho que havia descido o morro pra não voltar. Baixo, magro, moreno. A senhora viu?
Para o almoço, escolheu um restaurante português tradicional e comeu peixe vagarosamente. Depois do terceiro chopp já não tinha certeza se ainda era companhia perfeita para si mesma. Tinha consciência de que estar consigo mesma era tão raro e que aquele silêncio poderia ser valioso. O único problema era que o pensamento de Laura fluía ao ser verbalizado. E naquele começo de tarde, cercada da alegria que precede a Quarta-feira de Cinzas, se percebia como uma mulher besuntada de filtro solar sem nada na cabeça. Precisava desesperadamente de adereços carnavalescos. Adquiriu alguns também para Lilu.
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