Nasceu assim (livre e indomável)

terça-feira, maio 31, 2011

O histórico mais consciente da obra que comenta, transforma e difunde o conto Sem Palavras revela que a primeira ação do projeto Esfinge consiste na realização de uma tatoo. Publicação precoce, corrupção do efêmero, eternização, concessão do corpo enquanto moradia, encruzilhada de dois mundos.

Cada qual tem um jeito de lembrar seus mortos e, até então, era mais isso do que qualquer outra coisa, no entanto, Carlos Yahoo ‒ que pode ser o que quiser ‒ concedeu àquele gesto simbólico e solitário o status de body art. Reparou no curativo e, correndo o risco da indiscrição, perguntou do que se tratava. Respondi: Texto. Minha piração é tatuar textos, os meus.

OK. Me mostrou então uma de suas tatoos, informando que as outras cinco estavam “escondidas”. Enquanto perdíamos o foco do trabalho, ele se sentiu à vontade para contar que também tinha um texto para gravar na pele, uma espécie de mantra recitado sempre no início do dia. Como palavras que fortalecem para o combate.

Naquela tarde, Carlito planejou me emocionar duas vezes: quando recitou despretenciosamente a reza concebida por ele, dentro de uma cova, e no momento em que manifestou o desejo de emprestar seu corpo para a difusão da obra Nega Lilu. 

A Esfinge é livre e indomável. Pensei: voa, vai.

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