Enquanto Lilu não vem
terça-feira, agosto 16, 2011Se no íntimo tudo permanecia como estava, Lilu manteria distância no próximo trimestre, monitorando o assentamento das partículas do ar. Somente quando o processo de encontro consigo sofresse algum avanço faria contato em breve, ainda que breve, ou sumiria para sempre, por uns tempos.
Ela poderia ser geminiana ou capricorniana, mas não era. E desde aquele último encontro novas hipóteses sobre a flor de cajueiro seriam engano com potencial para detonar ironia involuntária. Certo mesmo é que a Nega, dentre diversas confissões, ouviu de sua amada duas coisas: a confirmação de que estava solteira no superlativo e que aquelas talvez fossem escrotas férias conjugais às avessas.
Gozando do benefício da dúvida, mas apostando na coerência que justificava o desaparecimento frequente de Lilu, a Nega encontrou ali legitimidade para dizer: quero ser sua mulher, caralho!, desejando não despertar ordinária e embotante sensação de reprise, mas o encanto de um déjà vu.
Amar daquele jeito fazia a Nega se sentir bastante ridícula. E naquela madrugada, perdeu o sono de vez, diferente dos dias em que os despertares contínuos cumpriam somente a função de aproximar sua alma à de Lilu, inconsciente.
1 comentários
Você viaja muito nos seus escritos. E ao fazer isto permite a quem te lê (assiste seus espetáculos)viajar também. Isto, no meu entendimento, é arte. Permitir ao outro, àquele que você afeta, sair desta viagem revigorado na busca de seu sonho de liberdade e amor, que é nossa razão de estar por aqui. Célia, a anônima. kkkk
ResponderExcluir