Ledo engano
quarta-feira, agosto 17, 2011Entre os produtos artísticos gerados ou com perspectivas de geração pelo Projeto Esfinge, o romance literário de ficção Nega Lilu é, sem dúvida, aquele que traz conteúdo mais intenso. Toda essa carga não tem exatamente a ver com a linguagem artística ou com uma autoria mais talentosa, o momento em que o trabalho foi concebido é que foi determinante.
Há pouco mais de três meses da data prevista para o início da publicação diária do conteúdo do livro neste blog, sustento a dúvida de cumprir o combinado com o leitor desde o dia 3 de janeiro deste ano (leia A explosão da obra). Não haverá recalque capaz de impedir a exposição da humanidade em estado de graça ‒ porque diferente do blog, no romance “flor” é “xoxota” e às vezes “bucetinha” ‒, é muito mais a incerteza de que será feita justiça à história de Nega e Lilu por parte do público em geral. Especialmente diante da riqueza e porosidade da produção no entorno da obra primária, em ações como Mensagem na Garrafa (intervenção urbana), Corpo Papel (body art), ou do trio de dança. Talvez o livro mereça a produção de apenas uma ou duas cópias muito especiais, talvez eu conclua a edição da extensa obra apenas para poder dedicá-la à minha avó, como sempre planejei acerca de algo que eu viesse a produzir e que fosse relevante para a sociedade. Diante da incoerência, será preciso então pensar melhor sobre o assunto.
Independente da decisão a ser tomada nas próximas semanas, estarei atenta à minha (e também da Nega) dificuldade em fechar ciclos. É que, muito solitária, quando comecei toda a trama do Projeto Esfinge, reconheci que a porta de saída desse lugar, que pode ser o paraíso e o inferno, era justamente a materialização do livro e que tudo o que fosse construído e destruído no entorno dele seria argumento para que se chegasse ao fim. Mas eu estava enganada.
2 comentários
Tô vendo que a criatura ganhou força e intimida o criador. Essa interrogação antes do ponto final mostra a dimensão do riquíssimo labirinto em que se transformou a trajetória da Nega e da Lilu. E o valor desse processo de interações e descobertas vale o tamanho da indecisão. Bom demais. Ou melhor: SEM PALAVRAS. ;oP Beijo
ResponderExcluirObrigada pelo estímulo. Tudo isso é um grande desafio pessoal.
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