Neguinha

quinta-feira, março 17, 2011

Neguinha é mulher de muitos predicados. Coisa que venho descobrindo aos palmos. Vejo sempre generosidade no seu jeito de existir. Tem olhos escuros que ainda não sei se pretos, mesmo olhando de pertinho. A pele de neve não festeja o verão e guarda sob o filtro solar o cheiro das flores de cerejeira. A boca, feita para leitura em Braille, carrega um sorriso cheio de meninice. Tem uma harmonia tão requintada que olhos de pouca sabedoria não conseguiriam alcançar. Adoro beijar suas costas e, quando vejo, estou adorando beijar o relevo de sua bunda, o verso de suas coxas, o convexo sedutor de sua panturrilha, o contorno desenhado de seus pés, a linha discreta de sua virilha, as voltas úmidas e deliciosas de sua flor. Aaaaaaaah! Neguinha é mesmo! Esparrama nossas coisas no ilimitado entre a ternura e o tesão, a leveza e a intensidade, a segurança e a ousadia, a experimentação e a certeza, a entrega e a renúncia, o cuidado e o desprendimento. Parece se atirar nos lençóis pelas telas do renascimento, pousando nas linhas da sedução despretensiosa. Não bastasse esse todo, prepara tomates como ninguém!  A despeito do amor que tem pelas palavras, usa o silêncio de forma poética. É Neguinha absoluta na brancura de sua alma. Coisa linda de se ver... Diz, vez ou outra, que tem um saci dentro do peito... Me faz tocar com dedos de seda o elementar das coisas, dando grandeza ao que se sucede. Neguinha é assim: o ressignificado do amor para mim.


Por Lilu Cajuína, em 9 de fevereiro de 2010.

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