Inútil paisagem

sábado, março 05, 2011

O email enviado por Laura Passing à Brisa Marin, no dia 08 de novembro de 2009, traz o capítulo 2 do conto Sem Palavras anexado. Na ausência de claras perspectivas, ela compartilha com a leitora a sensação de que a narrativa da primeira trepada de Nega e Lilu teria um quê de Elis Regina cantando Inútil Paisagem.

Brisa discorda por não ter enxergado melancolia no relato ficcional naturalista inundado de tesão. No entanto, o que Laura queria dizer tinha mais a ver com a intuição de que, sem subsídios para continuar a história, o conto estaria predestinado a existir inacabado e a perder sentido como o céu e o mar, na canção de Tom Jobim.

Sem Palavras conquistou as melhores condições de finalização e Elis ficou de fora. Mas segura dos poderes de seu senso xamânico, Laura permaneceria vigilante para presenciar o momento em que Inútil Paisagem encontraria perfeita colocação na obra. Para isso, manteve a música na trilha sonora de Nega e Lilu, como quem guarda algo especial para se fazer num dia de chuva.  

Era então carnaval. Fantasia de pluma na bagagem. Laura segue para o Rio de Janeiro, onde esperaria por Brisa. Ainda no aeroporto fica sabendo que flor de cajueiro perdera o voo, que flor de cajueiro tinha problemas caseiros para resolver, que flor de cajueiro não conseguiria se desvencilhar sem provocar mágoa.

A noite caia quando o olhar desolado de Laura Passing atravessou a parede de vidro para dar fim àquele mistério.




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