Manifesto íntimo anti-homofóbico

sexta-feira, maio 27, 2011

Quer namorar comigo?, dizia o torpedo recebido por Nina. Namoro deve ter um significado diferente pra você, respondeu.

Namorar pra mim é falar e ouvir, passear no parque, apresentar músicas novas, sair pra comer alguma coisa, dormir juntinho... E isso a gente já faz, insistiu a Nega. Como houve silêncio, voltou a argumentar, porque não é mesmo de ficar calada: O fato de você ser casada não nos impede de namorar, mas de contrairmos matrimônio. Que pena, porque era isso que eu tinha em mente..., sapecou Nina, obrigando a Nega a investigar os humores daquele texto.
Como num conto de fadas, era 5 de maio de 2011, dia histórico pro povo brasileiro, em que o Supremo Tribunal Federal reconheceu, por unanimidade, os direitos civis da união homoafetiva. E por volta das 20h40, o assunto de Nina e Nega continuaria por email: "Querida, a partir de seus planos manifestados, tomei providências hoje mesmo junto ao STF. Bora namorar?"
De um jeito que é só dela, vinte dias depois, Nina teve resposta pra dar. Assistindo ao último noticiário na TV, levantou-se vagarosamente, foi até a cozinha, tomou dois copos d’água e se trancou no quarto com o marido para uma conversa séria.
Disse: Sou uma mulher livre. E ele retrucou: Eu já sabia.
Naquele dia, recuperando-se de pneumonia, Dilma Rousseff havia declarado que “não vai ser permitido a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais”, justificando a suspensão da produção do kit anti-homofobia (elaborado pelo MEC), após protestos da bancada religiosa no Congresso.

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