Leitores do blog Nega Lilu tatuam fragmentos de "Sem Palavras" amanhã

segunda-feira, abril 16, 2012

O conto Sem Palavras, da jornalista Larissa Mundim, passa a circular no corpo de outros sete colaboradores do Coletivo Esfinge, a partir desta terça-feira (17/04), de 10h às 11h30, no happening realizado no Jander Tattoo Estúdio, em Goiânia/GO. Por meio de tatuagem, a ação de body art, chamada Corpo Papel, vai possibilitar novas rupturas de barreiras entre a ficção e a realidade, a partir do momento em que o texto sobre as personagens Nega e Lilu é gravado na pele.

 O Coletivo Esfinge, anteriormente chamado de Projeto Esfinge, foi criado para fomentar ações e estimular produção artística que comentem, transformem e difundam o conto Sem Palavras, disponível no blog negalilu.blogspot.com . Atualmente, mais de 50 pessoas, em todo o mundo, já estão envolvidas no trabalho artístico ‒ que mantém interface com os direitos humanos ‒, em atividades no território das artes visuais, dança, literatura, cinema, design e comunicação.

A ação Corpo Papel foi iniciada pela própria autora do conto, que já coleciona três tatuagens, realizadas entre março de 2010 e dezembro de 2011. Em maio do ano passado, tomando conhecimento do projeto, o músico Carlos Yahoo manifestou o desejo de doação de seu próprio corpo como veículo de manifestação em favor dos diretos humanos e contra o preconceito e a discriminação: “Já fui usuário de drogas e sofri na pele a exclusão. Estou recuperado há alguns anos e não desejo a ninguém o que passei”, conta. Yahoo tatuou-se no primeiro happening realizado pelo Coletivo Esfinge, em janeiro deste ano o texto, juntamente com outros cinco manifestantes.

As razões que levaram os colaboradores a se manifestar são de ordem pessoal, têm aspectos simbólicos e estímulos diversos. Para a arquiteta Renata Barros, o corpo é um “território de homenagens” e o texto do conto vai se juntar a uma série de outras tattoos anteriormente realizadas, sempre motivadas por momentos marcantes. “Estou sempre buscando o significado das coisas”, compartilha.

Aos 20 anos, o estudante da UFG, Lucas Sharaya resolveu fazer a primeira tatuagem seduzido pelo texto de Larissa Mundim. A frase escolhida por ele reflete seu comportamento quando o assunto é o amor: “É que meu coração manda muito”, justifica. Também chegou a hora da primeira tattoo para a arquiteta Munick Arliel, que finalmente encontrou motivos para concretizar um sonho antigo: “Estou me descobrindo”, diz. Além dos três, também integram esta ação a designer de interiores Tatiana Almeida e as estudantes, Anna Rodarte e Carolina Pfrimer.

Para a autora do conto, Larissa Mundim, a body art amplia os limites da obra literária para o campo sensorial. Segundo ela, a ação Corpo Papel promove dois tipos de registro da obra: a tatuagem, que grava o texto na pele, e a fotografia, capaz de capturar os sentidos da pessoa tatuada, que se torna veículo de difusão.

 “O corpo tatuado é um corpo transformado, neste caso, transformado pela obra”, argumenta. E o registro deste “novo estado” será feito em portraits (retratos) da fotógrafa Lu Barcelos que, na segunda etapa do projeto, estarão expostos em galeria de arte.

 “Fotografar o corpo tatuado (transformado em veículo de informação), consiste em um exercício de metalinguística, porque busca contar uma história dentro da história”, ressalta Lu Barcelos. Para ela, o trabalho busca registrar uma imagem contida de uma imagem (tatuagem dos textos), concedendo a esta imagem um outro status, num processo que modifica sua matriz semiológica e enriquece sua semântica.
 

Sobre body art e o happening

Por meio da Body art, ou arte do corpo/arte corporal, utiliza-se a si próprio como suporte para expressar idéias e vale toda e qualquer iniciativa capaz de modificar o corpo. O habitat do coração e da alma é encarado em sua materialidade (sangue, suor, química e física do corpo), como um vasto campo de possibilidades criativas: tatuagens, maquiagens, escarificações, travestimento etc. Em alguns casos, a body art pode assumir o papel de ritual ou apresentação pública, aproximando-se de outras formas de manifestações, como o happening e a performance. Outras vezes, sua comunicação com o público se dá através de documentação.

 Na forma como o compreendemos hoje, o happening surgiu em Nova York na década de 1960. Sua criação deve-se inicialmente a Allan Kaprow, que realizou a maioria de suas ações procurando, a partir de uma combinação entre assemblages, ambientes e a introdução de outros elementos inesperados, criar impacto e levar as pessoas a tomar consciência de seu espaço, de seu corpo e de sua realidade. Os primeiros happenings brasileiros foram realizados por artistas ligados ao pop, como o pioneiro "O Grande Espetáculo das Artes", de Wesley Duke Lee, em 1963.


CORPO PAPEL - Happening

17/abril (terça) – 10h

Jander Tattoo Estúdio (Av. T-63 esq. com Rua T-36, Edifício Aquarius Center, 10º andar, sala 1005, Setor Bela Vista. Goiânia/GO)

Assessoria de imprensa: zeroum comunicação (9968 1658)

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