Sabotando o efêmero

sexta-feira, junho 29, 2012


Cheguei um tanto constrangida para um encontro com a tatuadora indicada para aquela cerimônia de iniciação. Paula Dame des Chats informou que meu projeto era tão simples que poderíamos resolver, instantaneamente, assim que eu retornasse ao Studio para tatuar. Sem planejamento estratégico, sem definição prévia, sem romance, sem drama. Mas que chato.

Se para a dama dos gatos aquela era mais uma tattoo, para mim era como um ritual de gravação de matriz. E diante de olhos ansiosos, ela sugeriu uma fonte free hand. Eu ainda não sabia, mas foi naquele momento em que se definiram rumos de identidade visual.

Retornei dois dias depois, muito só. Discreta, profissional, a tatuadora me perguntou nada sobre o significado daquele texto, mas escolhi poucas palavras e confidenciei algumas motivações para a profanação da “morada da alma”. Como se aquele breve relato fosse parte da obra sendo iniciada. Porque a marca em minha pele seria encorajamento para o que ainda estava por vir. Um tipo de caminho sem retorno registrado até os últimos dias.

Reverberando no território da ficção, esta é uma história vivenciada pela autora e emprestada a Nega & Lilu, para compor um bonito parágrafo no Capítulo III do conto Sem Palavras. O texto correspondente à sobreposição do real e do imaginário ganhou as ruas de São Paulo, com a colaboração da designer de moda, Lara Vaz, como interventora, para a circulação da obra que é do artista Mateus Dutra. Até o momento, 19 mensagens na garrafa já foram entregues, em 13 países.

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