Sem Palavras: 23 jun 2010 - 23h43
sábado, junho 23, 2012
Toda a cidade me lembra você (Parte 1)
de Laura
Passing <negadeneve@gmail.com>
para Brisa
Marin <lilucajuina@gmail.com>
data 23
de junho de 2010 23:43
assunto Toda
a cidade me lembra você (Parte 1)
enviado por gmail.com
Querida,
Voltei o quanto antes ao quarto, mas não
consegui mais te achar por aqui, infelizmente...
Pra mim é interessante ver que Bogotá faz
sentido.
Você é a Cidade. E assim passo a entender
melhor a origem inconsciente da série Toda a cidade me lembra você. A primeira
imagem do projeto, em Bogotá, está em anexo. Mas vi muitas outras que não
puderam ser registradas. A partir de amanhã, elas não me escaparão.
Dizem que a cidade está suspensa no ar. A
extrema direita elegeu, no domingo, um novo presidente. Os eleitores do PV se
manifestam sutilmente com seus girassóis.
As obras que podem ser vistas por todas as
partes buscam preparar Bogotá para um segundo momento de sua fase
economicamente estável. O transporte recebe grandes investimentos. Não há metrô
nesta cidade de oito milhões de habitantes e nem haverá por hora. A
reestruturação vai qualificar o transporte coletivo de superfície com ônibus
articulados para a cobertura dos eixos.
E na conversa de hoje com a equipe de
produção, entendemos que muito trabalho já foi feito antes deste de
infraestrutura. O governante que antecedeu Álvaro Uribe (Jaime Castro) foi um
cara de planejamento e pensou, há 16 anos, a cidade na qual Bogotá está se
transformando. No entanto, não foi compreendido, não foi valorizado. O que me
leva a crer que foi justamente sua opção pelo planejamento que trouxe a direita
de volta ao poder neste país tão gentil. O país onde a polícia militar se veste
como se fosse o exército e está presente nas ruas pesadamente armada. É
interessante observar que, pra um brasileiro, o clima de insegurança começa ali,
exatamente por onde o poder público encontrou formas de manter a segurança. Os
fuzis são do tamanho de uma vassoura e assustam a gente. A impressão é de que
algo pode acontecer a qualquer momento.
Ouvi hoje que a solução para dias
melhores, sem violência, começou com a criação de complexos culturais e centros
comerciais nas periferias, para estimular e fortalecer a convivência
comunitária. Durante essa conversa me senti tão próxima de você...
A verdade é que não vi nada de
interessante aqui que não quisesse compartilhar contigo.
Estamos com duas horas de atraso no fuso
local. Amanhã é dia de trabalho de campo e pode ser tranquilo pra gente se
falar à noite. A sexta e o sábado são dias de evento, com programação noturna
incerta. Mas como minha agenda aqui é mais diurna mesmo, espero te encontrar
pra contar as novidades e pra dizer o quanto sinto sua falta, o quanto penso em
você.
Um beijo mais próximo das estrelas na sua
boca linda.
Nega
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