Leitores de Nega Lilu tatuam fragmentos do conto "Sem Palavras"

terça-feira, janeiro 17, 2012

O conto Sem Palavras, da jornalista Larissa Mundim, passa a circular no corpo de seis colaboradores do Coletivo Esfinge, a partir desta sexta-feira (20/01), de 9h às 10h30, no happening realizado no Jander Tattoo Studio, em Goiânia/GO. Por meio de tatuagem, a ação de body art, chamada Corpo Papel, vai possibilitar novas rupturas de barreiras entre a ficção e a realidade, a partir do momento em que o texto sobre as personagens Nega e Lilu são gravadas na pele.

O Coletivo Esfinge, anteriormente chamado de Projeto Esfinge, foi criado para fomentar ações e estimular produção artística que comentem, transformem e difundam o conto Sem Palavras, disponível no blog negalilu.blogspot.com . Atualmente, mais de 30 pessoas, em todo o mundo, já estão envolvidas no trabalho artístico ‒ que mantém interface com os direitos humanos ‒, em atividades no território das artes visuais, dança, literatura, cinema, design e comunicação.

A ação Corpo Papel foi iniciada pela própria autora do conto, que já coleciona três tatuagens, realizadas entre março de 2010 e dezembro de 2011. Em maio do ano passado, tomando conhecimento do projeto, o músico Carlos Yahoo manifestou o desejo de doação de seu próprio corpo como veículo de manifestação em favor dos diretos humanos e contra o preconceito e a discriminação: “Já fui usuário de drogas e sofri na pele a exclusão. Estou recuperado há alguns anos e não desejo a ninguém o que passei”, conta. Para ele, a nova tatuagem significa “sangrar por um bom motivo”.

As razões que levaram os colaboradores a se manifestar são de ordem pessoal, têm aspectos simbólicos e estímulos diversos. A médica cirurgiã cardiovascular, Sara Bahia, participa do happening no dia em que completa 40 anos: “Fui seduzida pela história de Nega e Lilu e acho que ela precisa reverberar. Encontrei nela um texto perfeito para minha primeira tatoo. Vai ser como um presente de aniversário permanente, um marco de um novo momento em minha vida”.

Aos 21 anos, o editor audiovisual Jordano Rezende também tem expectativas em torno da tatuagem que deve inaugurar uma série de outras. “Sou leitor do blog e o que me pegou foi a crueza do texto, me trazendo uma síntese que vou levar para toda a vida”, comenta ele que, junto com a namorada, na sexta-feira, vai gravar o texto “Molhei lençóis contigo”.

 
Para a autora do conto, Larissa Mundim, a body art amplia os limites da obra literária para o campo sensorial. Segundo ela, a ação Corpo Papel promove dois tipos de registro da obra: a tatuagem, que grava o texto na pele, e a fotografia, capaz de capturar os sentidos da pessoa tatuada, que se torna veículo de difusão.

“O corpo tatuado é um corpo transformado, neste caso, transformado pela obra”, argumenta. E o registro deste “novo estado” será feito em portraits (retratos) da fotógrafa Lu Barcelos que, na segunda etapa do projeto, estarão expostos em galeria de arte.



Ficha técnica - Corpo Papel

Direção: Coletivo Esfinge
Produção: Nat Mundim
Texto: Larissa Mundim (fragmentos do conto “Sem Palavras”)
Fotografia: Lu Barcelos
Audiovisual: Alyne Fratari e Edinardo Lucas
Design: Paulo Batista
Assessoria de imprensa: zeroum comunicação

Colaboradores:
Ana Paula Mota
Carlos Yahoo
Jordano Rezende
Lara Vaz
Lays Freitas
Sara Bahia

Tatuadores:
Jander Tattoo
Paula Dame des Chats
Ramon Santamaria
Rejane Olig
Virgínia Burlesque
Wilson Junior


Sobre body art e o happening

Por meio da Body art, ou arte do corpo/arte corporal, utiliza-se a si próprio como suporte para expressar idéias e vale toda e qualquer iniciativa capaz de modificar o corpo. O habitat do coração e da alma é encarado em sua materialidade (sangue, suor, química e física do corpo), como um vasto campo de possibilidades criativas: tatuagens, maquiagens, escarificações, travestimento etc. Em alguns casos, a body art pode assumir o papel de ritual ou apresentação pública, aproximando-se de outras formas de manifestações, como o happening e a performance. Outras vezes, sua comunicação com o público se dá através de documentação.

Na forma como o compreendemos hoje, o happening surgiu em Nova York na década de 1960. Sua criação deve-se inicialmente a Allan Kaprow, que realizou a maioria de suas ações procurando, a partir de uma combinação entre assemblages, ambientes e a introdução de outros elementos inesperados, criar impacto e levar as pessoas a tomar consciência de seu espaço, de seu corpo e de sua realidade. Os primeiros happenings brasileiros foram realizados por artistas ligados ao pop, como o pioneiro "O Grande Espetáculo das Artes", de Wesley Duke Lee, em 1963.



CORPO PAPEL - Happening
20/jan (sexta) – 9h
Jander Tattoo Studio (Av. T-63 esq. com Rua T-36, Edifício Aquarius Center, 10º andar, sala 1005, Setor Bela Vista. Goiânia/GO)


Assessoria de imprensa: zeroum comunicação (9968 1658)

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